02/12/2022 - 11:41
A alta de 0,3% na indústria em outubro ante setembro foi verificada em apenas sete dos 26 ramos industriais pesquisados na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), cujos dados foram divulgados nesta sexta-feira, 2, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o gerente da PIM-PF, André Macedo, a variação positiva foi “concentrada” e “garantida” por poucas atividades.
“A alta foi concentrada e garantida por poucas atividades. Esse perfil retrata a perda de intensidade que a produção vem mostrando nos últimos meses”, afirmou Macedo.
Os destaques de alta na passagem de setembro para outubro foram a produção de produtos alimentícios (alta 4,8%) e a metalurgia (avanço 4,6%), “com a primeira eliminando parte da perda de 7,1% acumulada nos meses de setembro e agosto últimos; e a segunda voltando a crescer após recuar 7,6% no mês anterior”, informou o IBGE, em nota.
Para Macedo, o fato de tanto a produção de alimentos quanto a metalurgia virem de perdas recentes é mais um aspecto não tão positivo da alta de 0,3% na produção industrial agregada. “Tem um pouco essa leitura. Os impactos positivos estão muito apoiados tão somente na eliminação de parte das perdas do passado”, afirmou o pesquisador.
Na contramão, entre os 19 ramos industriais com desempenho negativo em outubro ante setembro, o destaque foi a produção de “veículos automotores, reboques e carrocerias” (queda de 6,7%), a produção de “máquinas e equipamentos” (tombo de 9,1%) e de bebidas (-9,3%).
“Vale destacar também os recuos de couro, artigos para viagem e calçados (-13,2%), outros produtos químicos (-3,0%), produtos diversos (-12,5%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-7,1%), produtos de madeira (-8,8%), produtos de borracha e de material plástico (-2,6%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,5%)”, diz a nota divulgada pelo IBGE.
Comparação com outubro de 2021
De acordo com o IBGE, o crescimento na produção da indústria em outubro ante outubro de 2021 foi verificado em nove dos 26 ramos industriais pesquisados. No geral, a expansão foi de 1,7%.
Desagregando as 26 atividades pesquisadas, 29 dos 79 grupos e 44,2% dos 805 produtos pesquisados registraram alta em outubro, na comparação com um ano antes.
O IBGE destacou que essa comparação não foi impactada por questões relacionadas ao calendário, já que outubro deste ano teve 20 dias úteis, exatamente como em igual mês de 2021.
Segundo André Macedo, com os 44,2%, outubro foi o 14º mês seguido em que o índice de difusão da produção industrial, na comparação interanual, ficou abaixo de 50%. A última vez em que a maioria dos 805 produtos pesquisados apresentou alta na produção, ante um ano antes, foi em agosto de 2021, com 52,0%.
Ainda assim, o crescimento agregado de 1,7% em outubro ante outubro de 2021 foi puxado pelo desempenho dos produtos alimentícios (com salto de 12,2%), e da produção de “veículos automotores, reboques e carrocerias” (avanço de 12,6%).
Conforme Macedo, o desempenho positivo na comparação interanual se deve a uma baixa base de comparação. Em outubro de 2021, a produção industrial havia tombado 7,8% frente igual mês de 2020. Os últimos meses do ano passado foram marcados pelo agravamento dos gargalos nas cadeias globais de produção, levando à escassez de insumos, como os semicondutores usados em carros e eletrodomésticos.
“A falta de acesso a matérias-primas forçava paralisações e reduções de jornada em diversas plantas”, lembrou Macedo, referindo-se aos últimos meses de 2021. “A situação em relação ao acesso a matérias-primas ainda não é ótima, mas está muito melhor do que esteve em períodos mais recentes. Já não é um problema tão grave como foi no passado recente”, completou o pesquisador do IBGE.
Macedo lembrou que o fato de a produção de veículos, um dos ramos mais afetados pela escassez de insumos, ter registrado forte alta na comparação interanual corrobora com a análise.
Ainda na comparação com outubro de 2021, o IBGE destacou o desempenho das indústrias extrativas (alta de 4,5%) e da produção de “equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos” (14,6%), além da fabricação de “outros equipamentos de transporte (30,0%)”, de “produtos farmoquímicos e farmacêuticos” (10,1%) e de “celulose, papel e produtos de papel (2,7%)”.
Na contramão, entre as 17 atividades com queda interanual, o IBGE destacou “produtos de madeira” (-24,5%), “coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis” (-2,3%), bebidas (-5,9%) e metalurgia (-3,7%).