ALVO: nos novos plantios, Suzano quer conseguir emplacar a produtividade alcançada nos campos experimentais, 13 toneladas de soja por hectare/ano

O foco não é produção de alimentos, mas o lema na Suzano é o mesmo: produtividade, produzir mais numa mesma área. Nos últimos 28 anos, a companhia não poupou esforços nem dinheiro. Foram investidos US$ 60 milhões no plano de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para aumentar o rendimento. O aporte trouxe resultados. A produtividade, que em 1980 era de 20 metros cúbicos por hectare, hoje alcança o patamar de 47 metros cúbicos e uma produção de celulose de dez toneladas por hectare/ ano. Mas, por trás dos bons índices, há muito trabalho. “As pesquisas são para a seleção das melhores plantas e o cruzamento entre elas para obter uma geração seguinte superior. A cada geração, a seleção e o cruzamento são feitos para que tenhamos uma próxima geração ainda melhor. Atualmente, estamos na terceira geração melhorada e partindo para uma quarta nos próximos três ou quatro anos”, explica Luiz Cornacchioni, responsável pela área de Relações Internacionais da empresa.

Nem mesmo a crise financeira afetou os planos da Suzano para este ano. A companhia prevê plantar 80 milhões de árvores, o que representa 62 mil hectares, quantia que inclui a área própria e de fomento. No quesito investimento, serão R$ 16 milhões destinados ao P&D. Entre os objetivos está o de atingir 13 toneladas de celulose por hectare/ano nos próximos dez anos. Este resultado já foi atingido nos plantios experimentais e representa nada menos que 30% mais celulose para a mesma área plantada. Sinal que o Projeto de Expansão da Suzano tem tudo para decolar. A empresa prevê a implantação de duas novas fábricas no Maranhão e no Piauí. Além disso, deve haver um crescimento na área florestal do Pará e do Tocantins.

O suprimento de madeira da fábrica maranhense deve vir dos plantios de eucalipto do programa Vale Florestar, que está sendo implantado pela Vale, de plantios de ativos florestais adquiridos pela Vale, localizados no sudoeste maranhense, de plantios próprios e também via fomento e parcerias florestais. No Piauí, a base florestal a ser implantada deve ficar dividida da seguinte forma: 70% plantio próprio, 30% via fomento e parcerias florestais. Para dar conta de tamanha expansão, a Suzano tem clones de eucalipto adaptados a cada região. Por exemplo, Maranhão e Piauí demandam clones adaptados ao clima mais seco.

CORNACCHIONI: “Melhoramento genético é o segredo do aumento da quantidade de celulose por hectare”

O melhoramento genético é o começo de tudo, mas para que ele surta efeitos é preciso um bom manejo florestal. O primeiro passo é o que o setor chama de cultivo mínimo, técnica equivalente ao plantio direto. Consiste em deixar os restos de folha, galhos e cascas no solo para formar uma espécie de manta orgânica, que funciona como uma proteção contra a erosão. Além disso, é fundamental o estudo do solo para corrigir eventuais faltas de nutrientes, que podem prejudicar o desenvolvimento da muda. Por falar em mudas, elas percorrem um extenso caminho até chegar ao campo. É que, além da produtividade, a Suzano está preocupada com a qualidade da madeira. Por isso, são feitos testes na fase final do melhoramento genético, a fim de checar a aptidão dos clones para a produção de papel e celulose. “Os resultados destes testes são comparados com um padrão. Apenas os clones com madeira superior são plantados em escala comercial”, diz Cornacchioni, que não tem dúvidas de que o plano da empresa irá decolar.