27/01/2015 - 16:27
Situada às margens do rio Reno, a pequena cidade de Ludwigshafen, ao sudoeste da Alemanha, é considerada o coração da indústria química do país, por sediar uma das maiores companhias do setor, a Basf. Fundada em 1865 – e prestes a completar 150 anos –, a empresa mudou a bucólica paisagem local, repleta de campos livres. Agora, até mesmo o horizonte cinzento do inverno europeu se camufla entre os inúmeros prédios e torres de fábricas espalhadas em 10 km² – o equivalente a 1.400 campos de futebol. Mesmo imenso, o espaço não foi suficiente para comportar todas as atividades
da companhia. Ao sul dessa cidade industrial, mais precisamente no município vizinho, Limburgerhof, estão localizados os laboratórios e estufas agrícolas, onde pesquisadores elaboram e testam
diferentes produtos de crop protection, como fungicidas e inseticidas, uma das apostas da Basf para continuar crescendo em 2015.
Responsável por gerar cerca de E 5 bilhões dos E 74 bilhões da receita da companhia em 2013, a área de crop protection tem, no Brasil, seu maior mercado consumidor e produtor, seguido pelos Estados Unidos e China. Embora a desaceleração sazonal no terceiro trimestre de 2014 tenha afetado o segmento de agronegócio, ocasionando queda nos preços de matérias-primas em geral, principalmente nos mercados da Europa e América do Norte, a Ásia e a América do Sul contribuíram para que a multinacional alemã cravasse E 4,3 bilhões de faturamento no acumulado de janeiro a setembro (veja quadro na página 51). No Brasil, as altas nas vendas foram impulsionadas pelo fungicida Xemium e o herbicida Kixor, usados no plantio de cereais e na eliminação de buvas (plantas daninhas que prejudicam as lavouras) em áreas agrícolas, respectivamente. Segundo especialistas da Basf, o forte consumo de produtos da empresa, entre os brasileiros decorre dos grandes volumes de produção agrícola no País. “É inegável a força que o Brasil tem em agronegócio”, diz o brasileiro Marco Antônio Tavares, pesquisador de desenvolvimento do campo da Basf em Limburgerhof. “Há muito estímulo para novas tecnologias, produtos e técnicas contra insetos e doenças nas lavouras”, diz.
Espalhados ao longo do centro de inovações para agricultura, os laboratórios que desenvolvem técnicas de crop protection estão entre uns dos segmentos da companhia que mais recebem investimentos, algo como E 150 milhões por ano. Para manter o ritmo no setor em 2015, e crescer os esperados 6% anualmente até 2020, a multinacional alemã continuará focando nos mercados da América do Sul, com o Brasil à frente, e da América do Norte, com os Estados Unidos. Entre as estratégias traçadas está o serviço AgBalance, que promove a agricultura sustentável através de um melhor custo de produção, com abordagens diferentes em cada região. No País, por exemplo, os estudos são desenvolvidos para o cultivo de açúcar, soja, milho, algodão e arroz.
Já nos Estados Unidos, Canadá e México, as tecnologias são voltadas para milho, soja, tomate e canola. “Nosso grande desafio é dar continuidade ao AgBalance, com produtos menos nocivos ao meio ambiente e melhor custobenefício”, afirma Markus Frank, chefe global de sustentabilidade e gerenciamento de produtos de Crop Protection.
Lançado recentemente no Brasil, um dos produtos que continuarão na mira da Basf nos próximos anos, por aqui, é o Seed Solutions. De acordo com a companhia, 70% do tratamento de sementes é realizado na lavoura momentos antes da semeadura e os outros 30% no modelo industrial. O propósito do Seed Solutions é que esse cenário seja invertido. Desenvolvido no Centro de Tecnologia de Tratamento de Sementes em Santo Antônio de Posse, no interior de São Paulo, o produto possibilita melhor relação de transformação da água, luz e nutrientes em energia nos grãos, o que gera ganhos de produtividade.
Em um primeiro momento, o sistema estará disponível para a cultura de soja. O projeto recebeu aporte de US$ 2,5 milhões e há possibilidade de expansão para atender outros cultivos.