A alemã Allianz Seguros, uma das maiores seguradoras privadas do País, quer aumentar seus negócios no campo, para reduzir sua dependência dos ramos tradicionais como automóveis e vida. Nos últimos tempos, a empresa agregou ao seu atual portfólio rural, com 19 tipos de apólices, três novas modalidades de seguros: para acidentes pessoais, transporte de máquinas agrícolas e proteção do rebanho bovino. Segundo Luiz Carlos Meleiro, superintendente da área de agronegócios da Allianz, há muita expectativa em relação ao potencial do setor. “Acreditamos em oportunidades porque o Brasil está em plena expansão agropecuária e muita gente já não quer mais arriscar”, diz Meleiro. “Por isso, vamos apostar forte”, diz.

Não se trata de uma tarefa fácil. Embora o Brasil esteja perto de se tornar o maior produtor de alimentos do mundo, o seguro ainda é uma ferramenta de proteção esquecida pelos agricultores e oferecida por algumas poucas companhias, como a BB Mapfre, Porto Seguro e Bradesco. Atualmente, apenas 18% da área plantada possui seguro, segundo dados do Ministério da Agricultura. Dos 50 milhões de hectares cultivados na safra 2011/2012, somente nove milhões tinham proteção. Muito diferente do que acontece nos Estados Unidos, onde 90% da área plantada conta com algum tipo de proteção. Na pecuária, o cenário é ainda mais nebuloso. Com um rebanho de gado bovino de 200 milhões de cabeças, a procura de seguro é escassa. Segundo Meleiro, a carteira da Allianz contempla apenas cinco mil animais. “Isso é quase nada frente ao rebanho do País”, diz Meleiro.

O atraso nessa área também representa uma oportunidade de negócios para as seguradoras, diante do tamanho do rebanho. A Allianz aposta na venda de apólices para proteger plantéis bovinos comerciais de catástrofes naturais ou de caráter acidental como enchentes, alagamentos, incêndios, afogamento, asfixia e eletrocutassão em cercas ou raios. “Nosso seguro cobrirá tudo que possa acontecer com o animal, exceto as doenças”, diz Meleiro.

O segundo tipo de apólices é destinado à cobertura de acidentes pessoais envolvendo máquina agrícola e o seu operador. O novo serviço permite a indicação de até três funcionários para cada máquina agrícola, com cobertura de qualquer acidente envolvendo os equipamentos, entre eles tombamento, colisão e atropelamento. “O prejuízo do fazendeiro é certo quando ocorre um acidente”, diz Meleiro. “Seja pelo custo com hospital, seja pela ausência do funcionário no trabalho.” Um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostrou que 65% dos atuais acidentes no campo ocorrem com operadores de máquinas. Desse total, 81% dos acidentados ficaram com sequelas permanentes.

A terceira novidade, destinada ao transporte de maquinário novo, visa reduzir os custos para a retirada do equipamento adquirido na concessionária. Em geral, as empresas que vendem máquinas cobram uma taxa para transportar o equipamento até a propriedade rural, e um seguro para casos de acidentes e sinistros. A Allianz vai concorrer nesse segmento, oferecendo o serviço a qualquer momento. “A ideia é fazer um atendimento personalizado para que o produtor não fique refém da agenda de entrega estipulada pelas revendedoras.” Atualmente, os seguros de maquinários respondem por cerca de R$ 97 milhões do faturamento da Allianz. Isso representa 75% dos negócios da empresa no setor agrícola, em 2011, da ordem de R$ 130 milhões. Segundo Meleiro, o peso dessa participação se deve ao alto valor dos equipamentos usados nas lavouras e ao crescimento da produção de grãos. Dos vários segmentos em que a Allianz atua, os seguros de automóveis ainda reinam soberanos, representando 50% do faturamento, R$ 2,6 bilhões no ano passado. Desse total, o agronegócio respondeu por 5%, com 80 mil clientes no setor e 160 mil apólices de seguros.