“Com a aquisição, a Cosan torna-se a primeira empresa de energia renovável verticalizada no mundo”

RUBENS OMETTO, dono da Cosan

Enquanto a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciava o interesse da Petrobras em adquirir os ativos da Esso no Brasil, uma empresa que fatura US$ 9.2 bilhões, o empresário Rubens Ometto, dono da Cosan, maior conglomerado produtor de açúcar e álcool do mundo, traçava uma estratégia secreta. No horizonte ele vislumbrava a possibilidade de comprar a gigante americana e inaugurar uma nova era no setor de combustíveis no País. E foi o que aconteceu. Ometto agiu nos bastidores e, mais uma vez, escreveu sua própria história. Foi ele o primeiro empresário a abrir capital e lançar ações na bolsa de valores em uma companhia de agronegócio. Mais tarde, numa polêmica operação, abriu o capital mais uma vez na bolsa de Nova York com a intenção de proteger a sua empresa de possíveis assédios de grupos internacionais dispostos a comprar empresas ligadas ao etanol brasileiro. O fato é que, mais uma vez, ele conseguiu surpreender o mercado. “Com a aquisição, a Cosan torna-se a primeira empresa de energia renovável verticalizada do mundo”, afirma. Segundo ele, a empresa vai replicar a mesma estrutura das grandes e tradicionais empresas de energia, que atuam em todos os elos da cadeira produtiva. “Esse é um passo estratégico importante, que novamente posiciona a Cosan na liderança do setor de energia renovável, e que também nos ajudará a diversificar nossos negócios”, diz.

A entrada da Cosan no mundo dos combustíveis fósseis não diminui o apetite de Rubens Ometto por bons negócios no setor de bioenergia. Na realidade, a compra da Esso servirá como forma de alavancar os ambiciosos planos da maior produtora de álcool e açúcar do mundo. “Nós nunca tivemos dúvida de que o etanol teria um papel cada vez mais relevante na matriz energética brasileira. O Brasil está vários passos à frente quando o assunto é uso de biocombustíveis e hoje a Cosan está na liderança no mercado brasileiro”, comenta o empresário. Segundo ele, a verticalização é uma tendência natural. “A verticalização nos aproximará de nossos consumidores finais e permitirá que exploremos mercados correlatos ao do etanol”, comenta. Segundo ele, será possível aproveitar oportunidades de geração de valor que até agora não estavam no radar da Cosan, como o fornecimento de combustível para aviação.

Para o mercado de etanol, a tacada de Ometto representa uma vitória do álcool sobre a gasolina. Isso porque o Brasil é o único país do mundo que possui uma alternativa aos combustíveis fósseis. Com o avanço da tecnologia dos carros flex, 90% dos automóveis brasileiros são híbridos. “Por isso o maior inibidor do preço da gasolina é o próprio etanol, porque se o governo pesar a mão, as vendas desabam”, comenta o usineiro Maurílio Biagi, sócio da Usina Moema. Na opinião do empresário, o setor se beneficia dessa arrancada, principalmente num momento em que o biocombustível sofre ataques vindos do Exterior. Alguns anos atrás, o próprio Biagi chegou a organizar um grupo de investidores para tentar montar uma distribuidora de combustíveis controlada por usineiros, mas o projeto não avançou. “É um sonho de todos nós que está sendo realizado pelo Rubens”, diz ele. Com um faturamento de R$ 3,6 bilhões, a Cosan produz cerca de 5% de todo o álcool e 4% de o todo açúcar consumido no mundo. Em 2007, a Cosan se transformou na primeira empresa brasileira agrícola com ações na bolsa de Nova York, captando US$ 1,3 bilhão.