17/09/2012 - 20:32
O mercado de açúcar em Nova York fechou a semana passada, com o vencimento outubro/2012, cotado a 19,91 centavos de dólar por libra-peso, uma alta de 53 pontos ou quase 12 dólares por tonelada. Os demais meses de negociação fecharam com altas entre 37 e 70 pontos, ou de US$ 8 a US$ 20 por tonelada de variação positiva. Foi uma semana em que os baixistas parecem ter saído de férias.
Segundo Arnaldo Corrêa, gestor de riscos e diretor da Archer Consulting, de São Paulo, pesou na variação positiva da semana a expressiva melhora no cenário macro com o estímulo à economia americana conduzido pelo FED (Banco Central americano) fazendo com que o dólar desvalorizasse e as commodities e os ativos financeiros de forma geral subissem forte. O açúcar aproveitou a toada e foi junto, apesar de as notícias vindas do outro lado do planeta não terem sido das mais alvissareiras. Na semana, café, açúcar, suco de laranja e petróleo subiram bem. Só algodão e milho experimentaram quedas.
O Rabobank apresentou suas perspectivas anuais em seminário no começo da semana passada, para um público que contava com as principais lideranças do setor. O banco holandês acredita que o preço médio do açúcar para esta safra deverá ficar em 19 centavos de dólar por libra-peso, não considerado pelo modelo um eventual reajuste de preço nos combustíveis. Tampouco a variação do dólar.
Em tempo: o preço médio da safra até o momento, pegando os fechamentos de Nova Yorke de 1º de abril para cá, é de 21,21 centavos de dólar por libra-peso. Para atingir a média prevista pelo banco, num exercício puramente matemático da Archer Consulting, a curva precisaria cair uniformemente cerca de 20 % no restante dos fechamentos diários até o final da safra, ou algo como 17 centavos de dólar por libra-peso.
As previsões da safra indiana 2012/2013 estão mais baixas, agora 24 milhões de toneladas comparando contra previsões anteriores de 25-26, mas ainda acima do consumo estimado de 22 milhões de toneladas. As regiões produtoras receberam muitas chuvas na última semana, segundo a Associação das Usinas de Açúcar da Índia.
A MB Associados, a pedido da Archer Consulting, calculou o aumento máximo possível no preço da gasolina, sem impacto inflacionário, considerando para isso a queda nos preços da energia elétrica. Resposta: 10% de aumento.
Segundo a MB, “a queda no preço de energia será responsável por uma queda de no mínimo 0,5 ponto percentual na inflação, que poderá se estender até 0,75 ponto percentual contabilizando efeitos de repasse no comércio e na indústria.”
A posição em aberto dos contratos futuros de açúcar em Nova York apresentou acréscimo nos últimos 40 pregões (quase dois meses) saindo de 660.000 contratos para 730.000.
No Brasil, o contrato de etanol na BM&F Bovespa está com uma posição em aberto de 4.806 lotes em futuros mais 100 lotes em opções. Uma queda de 14% em relação comparada ao inicio de agosto. Segundo Correa, os preços na BM&F Bovespa muito abaixo da realidade do mercado e podem ser uma excelente oportunidade de compra especulativa. Dezembro a R$ 1172,50 por metro cúbico liquida exatamente o custo de produção apurado pela Archer Consulting. A volatilidade do mercado nos últimos 20 dias caiu para 25,40% comparativamente aos 27,58%% do período anterior; volatilidade de 50 dias derreteu para 24,41% (há um mês era 31,74% %) e a de 100 e 200 dias 27,82% e 27,93% (há um mês 28,98% e 28,13%), respectivamente. Segundo Correa, talvez agora os vendedores de volatilidade respirem um pouco aliviados com os
níveis retornando a padrões mais civilizados e menos estressante.