11/05/2015 - 12:23
Os Estados Unidos voltaram a ter uma criação de postos de trabalho robusta no mês de abril, depois de um primeiro trimestre que foi lento em função do frio. A taxa de desemprego caiu para 5.4%, o menor patamar desde maio de 2008, e o mercado aguarda a esperada recuperação da economia como o FED está apostando.
Diversos analistas acreditam que o risco deflacionário das principais economias não é mais uma preocupação, baseados na leve elevação dos índices inflacionários americanos e dos países da zona do Euro. A situação da Grécia se mantem indefinida e perigosamente se arrastando – a atenção será grande no desdobramento da novela nesta semana que se inicia.
O dólar americano na sexta-feira 8 reverteu as perdas que o tinham levado ao mais baixo nível contra uma cesta de moedas desde meados de fevereiro último e de certa forma contribuiu para o recuo dos principais índices de commodities. Mesmo assim a maior parte dos componentes do CRB fecharam em alta nos últimos cinco dias, liderados pelo suíno-magro, açúcar, gás-natural e níquel.
O café em Nova Iorque e em Londres fizeram novas mínimas na quinta-feira, mas conseguiram recuperar relativamente bem no dia seguinte em uma sessão volátil e de volume relativamente baixo. A firmeza do real brasileiro foi um fator positivo para a alta do arábica – psicologicamente pois não há muita venda do Brasil de qualquer forma. As escassas vendas de origens em geral podem ajudar o mercado continuar subindo, caso tecnicamente atraia compras de fundos e especuladores.
Fundamentalmente uma respeitada trading-house internacional revisou seus números da safra brasileira do ciclo atual e do que se inicia em julho. Para 14/15 o número final ficou em 49.2 milhões de sacas (30.7 de arábica e 18.5 de conilon) – em geral 2.2 milhões a mais do que considerava anteriormente. Já a safra 15/16 a expectativa é de uma colheita maior, 51.9 milhões de sacas, sendo 35.5 milhões de arábica e 16.4 milhões de conilon – sua previsão anterior era de 49.5 milhões de sacas, ou seja incrementou em 2.4 milhões de sacas. No fim das contas são 4.6 milhões de sacas adicionais que permite justificar as exportações e consumos brasileiros, e no frigir dos ovos pode fazer com que o déficit mundial, caso exista, seja mínimo.
O mercado parece que já tinha descontado a previsão, pois não reagiu agressivamente à divulgação. Por outro lado a oferta e procura (S&D) mais equilibrada deixa ainda mais confortáveis as indústrias, que tem uma cobertura de futuros elevada, segundo o COT.
As exportações brasileiras de abril totalizaram 2,999,341 sacas, mantendo o recorde de embarques no ano-safra atual com um total de 30,743,287 sacas. Como comparação apenas em 10/11 o volume é parecido, entretanto a participação do conilon triplicou de lá para cá. A perda de market-share do Vietnã nos mercados da América do Norte não é desprezível, e preocupa o panorama para o mercado londrino, já que há o agravante dos produtores estarem entregando seus cafés sem fixação. Sem falar do clima que se estava dando algum “suporte” com o receito de uma seca, agora pode fraquejar com o começo das chuvas.
Nem tudo é negativo apesar do comportamento dos preços. Os diferenciais não têm cedido, normal pela movimentação do terminal, e mais importante tem sido a queda dos estoques certificados do contrato “C”. Na sexta-feira 16,052 sacas foram retiradas dos armazéns, totalizando na semana 46,683 sacas. No último mês a queda foi de 103,760 sacas, mas se considerarmos que novas 79,251 sacas foram aprovadas para entrega, o desaparecimento total chega a 183,011 sacas desde o dia 8 de abril. É bom monitorarmos a velocidade de utilização destes cafés, até porque potencialmente só a partir do final do ano é que novas certificações podem voltar a acontecer – período de pré-colheita dos produtores da América Central.
A moeda brasileira é outro fator que pode contribuir caso firme mais, muito embora a grande maioria aposta no real negociando mais próximo de R$ 3.20 para equilibrar as contas externas.
O mercado pode se animar caso o contrato de julho rompa US$ 138.00 centavos por libra, enquanto uma nova mínima deve fazer os fundos de sistema adicionar vendas nos seus livros.