Após o fracasso da indicação de Adriano Pires para presidir a Petrobras, o governo Bolsonaro enfrenta dificuldades para encontrar em pouco tempo dois nomes para o comando da estatal, um para a presidência e o outro para o conselho de administração.

Nas sondagens, a urgência da tomada da decisão tem sido um empecilho. O governo tem sido aconselhado por investidores e líderes do segmento a deixar no cargo por mais 40 dias o presidente da empresa, Joaquim Silva e Luna, a tempo de convocar nova assembleia.

A desistência de Adriano Pires para a presidência e de Rodolfo Landim para o conselho de administração explodiu a bolsa de apostas para os novos nomes para as posições.

O nome do secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mario Paes de Andrade, ganhou força, mas enfrenta resistência política e do setor de óleo e gás e uma ação judicial que pode afetá-lo.

Outros nomes entraram no radar: Márcio Weber e Vasco Dias. O ex-diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e atual diretor-presidente da Enauta, Decio Oddone, também foi sondado, mas já declinou do convite.

Márcio Weber é atual conselheiro da empresa. Foi membro da Diretoria de Serviços da Petrobras Internacional (Braspetro) e diretor da Petroserv. Uma das vantagens é que, já sendo conselheiro, ele poderia ser aprovado como presidente na reunião. Contribui o fato de que os conselheiros já passaram pelo crivo da checagem exigida pelas regras de governança.

Já Vasco Dias foi ex-presidente da Shell Brasil. Mas tem conexão com a Cosan, de Rubens Ometto, a exemplo do Adriano Pires, que desistiu do cargo depois que o seu nome não passou no teste de governança da empresa. É membro do conselho de administração da Cosan. Já foi diretor executivo da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e presidente da Raízen Energia.

O ex-secretário executivo do Ministério de Minas e Energia Márcio Felix (hoje na EnP Energy) e os ex-conselheiros Cynthia Silveira e Omar Carneiro da Cunha também são citados nos bastidores. Ela preside a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), e Cunha já trabalhou na Shell.

Para a presidência do conselho de administração, duas mulheres ganham força: Clarissa Lins, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, e a atual conselheira da Petrobras Sonia Villalobos.

Próximo do Planalto

Caio Andrade é bem visto no Palácio do Planalto e próximo do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Ele não tem experiência na indústria de óleo e gás, nem foi CEO por muito tempo em grandes empresas, mas a avaliação é de que seria possível aprovar seu nome porque presidiu a Serpro e empresas menores por ele fundadas.

O secretário da equipe de Guedes, porém, enfrenta a oposição do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que critica o fato de ele não ter experiência no setor. Além disso, Andrade é acusado pela empresa Conclusiva Consultoria de ter usado os sistemas do Ministério da Economia para investigar a situação fiscal da companhia. O caso foi parar na Justiça em uma ação da Conclusiva contra a Captalys, presidida por Margot Greenman, ex-mulher de Andrade. Por meio da assessoria do Ministério da Economia, o secretário negou que tenha feito qualquer consulta ou pedido a terceiros.

O presidente Jair Bolsonaro se encontrou ontem com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, segundo a agenda oficial do chefe do Executivo. O ministro saiu sem dar declarações a jornalistas. Bento vem recebendo críticas do mercado pela condução das negociações que vem trazendo desgaste para a empresa. Sua assessoria informou apenas que o governo está definindo os profissionais que preencham o perfil para ocupar os cargos. “Quando esses nomes forem definidos, serão devidamente informados”, diz a nota.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.