Ao lançar o Plano Safra 25/26 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse querer consolidar o Brasil como celeiro do mundo. Isso porque o país é um grande produtor mundial de alimentos que são exportados para diferentes lugares do globo, como China, Europa e Estados Unidos.

Segundo um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, o PIB do agro brasileiro deve atingir o patamar de R$ 3,79 trilhões em 2025. Se confirmado, a participação do agro na economia, que em 2024 foi de 23,5%, deve subir para 29,4%.

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Estima-se que o Valor Bruto da Produção do setor agropecuário (VBP – faturamento bruto dentro dos estabelecimentos agropecuários) deva alcançar o patamar de R$ 1,52 trilhão neste ano, um crescimento de 12,3% em relação ao ano passado.

Mas se no passado essa produção era mais concentrada na região Sul e Sudeste, hoje ela está presente em quase todo o território nacional.

O levantamento da Agropecuária Brasileira em Números (ABN) do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), divulgado em junho deste ano, mostrou que quem lidera a produção nacional até aqui em 2025 é o estado do Mato Grosso, com um VBP aproximado de R$ 223 bilhões.

Os estados de Minas Gerais (R$ 178,14 bilhões), São Paulo(R$ 163,83 bilhões), Paraná (R$ 160,94 bilhões) e Goiás (R$ 126,10 bilhões), completam a lista dos cinco primeiros do ranking da ABN. Os números consideram produções da lavoura e da pecuária e têm base nas informações de maio.

Hélida Leão, coordenadora das Ciências Agrárias da Una Uberlândia, aponta uma mudança no mapa do agro nacional, com estados da região centro-oeste exercendo um papel cada vez maior na produção agropecuária nacional.

“Isso vem acontecendo principalmente por uma expansão agrícola para essas regiões impulsionada pela extensão de culturas antes restritas ao sul/sudeste. As mudanças climáticas têm forte responsabilidade, já que os produtores estão buscando regiões interioranas que costumam ter condições climáticas mais estáveis”, explica.  

Regiões agrícolas e suas produções:

Região Sul

A região sul do Brasil é caracterizada principalmente pela expansão da cultura da soja, voltada sobretudo para a exportação e modernização agrícola. No Rio Grande do Sul e no Paraná a cultura do arroz também se destacam.

Soja e carnes são os principais itens enviados pela região ao exterior, principalmente para países do Mercosul, Oriente Médio, China e Estados Unidos.

Principais produtos agrícolas por estado:

  • Rio Grande do Sul: Soja (R$ 28,6 milhões); Arroz (R$ 12 milhões); Milho em grão (R$ 5,1 milhões)
  • Paraná: Soja (R$ 51,3 milhões); Milho em grão (R$ 15 milhões); Cana-de-açúcar (R$ 4,6 milhões)
  • Santa Catarina: Soja (R$ 7 milhões); Fumo (R$ 3,1 milhões); Milho em grão (R$ 3 milhões)

Região Sudeste

Na região Sudeste, a agricultura encontra-se mais subordinada à indústria. É uma região que apresenta altos índices de produtividade graças ao tipo de solo local.

Com grande presença de maquinários e alta tecnologia, a geração de empregos manuais acaba sendo limitada. Entretanto, a oferta nas agro indústrias tem crescido.

O sudeste se destaca sobretudo pela produção de Cana-de-açúcar. Cerca de 50% de toda a cana brasileira vem da região. Atualmente, as principais culturas da região são: Café, Laranja. Algodão, amendoim, milho, mandioca, arroz, feijão, soja e arroz.

Principais produtos agrícolas por estado:

  • São Paulo: Cana-de-açúcar (R$ 56, 7 milhões); Laranja (R$ 15,4 milhões); Soja(R$ 11,9  milhões)
  • Minas Gerais: Café (R$ 24,1 milhões); Soja (R$ 21,5 milhões); Cana-de-açúcar (R$ 11,4 milhões)
  • Rio de Janeiro: Tomate (R$ 506 mil); Cana-de-açúcar (R$ 280 mil); Café (R$ 263,9 mil)
  • Espirito Santo: Café (R$ 9 milhões); Mamão (R$ 1 milhão); Pimenta do Reino (R$ 1 milhão)

Região Centro-Oeste

Uma das regiões mais agrícolas do país, o centro-oeste é o berço da Revolução Verde (expressão que se refere a novas práticas tecnológicas no agro que aumentam a produção).

A região tem os estados que são os maiores produtores de grãos do Brasil, líderes nas culturas de soja, milho e arroz.

A soja inclusive é o pilar da agricultura do centro-oeste, com liderança do mato grosso. Sozinho, o estado é o quarto maior produtor de soja do planeta.

Principais produtos agrícolas por estado:

  • Mato Grosso: Soja (R$ 98,9 milhões); Milho em grão (R$ 29,5 milhões); Algodão (R$ 20,3 milhões)
  • Mato Grosso do Sul: Soja (R$ 33,9 milhões); Milho em grão (R$ 81,5 milhões); Cana-de-açúcar (R$ 6,3 milhões)
  • Distrito Federal: Soja (R$ 604 mil); Milho em grão (R$ 229 mil); Cebola (R$ 144 mil)
  • Goiás: Soja (R$ 38,8 milhões); Cana-de-açúcar (R$ 10,5 milhões); Milho em grão (R$ 10,5 milhão)

Região Norte

Assim como o centro-oeste, a região norte tem se desacatado por uma forte expansão vinda de outras regiões, sobretudo do Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia e Pará (MaToPiBaPa).

Apesar de menor, a cultura da soja também tem destaque na região que se tornou competitiva no ramo do extrativismo vegetal.

Principais produtos agrícolas por estado:

  • Acre: Mandioca (R$ 243 mil); Milho em grão (R$ 164 mil); Banana (R$ 114 mil)
  • Amapá: Mandioca (R$ 52 mil); Banana (R$ 30 mil); Soja (R$ 23 mil)
  • Amazonas: Mandioca (R$ 947 mil); Banana (R$ 458,2 mil); Abacaxi (R$ 258 mil)
  • Pará: Açaí (R$ 7,7 milhões); Soja (R$ 6,7 milhões); Mandioca (R$ 4,3 milhões)
  • Rondônia: Soja (R$ 5 milhões); Café (R$ 2,3 milhões); Milho em grão (R$ 2 milhões)
  • Roraima: Soja (R$ 920 mil); Arroz (R$ 164 mil); Milho em grão (R$ 119 mil)
  • Tocantins: Soja (R$ 9,8 milhões); Milho em grão (R$ 1,9 milhão); Arroz  (R$ 1,3 milhão)

Região Nordeste

Uma das regiões com a agricultura mais plural, a região nordeste tem forte presença da agricultura familiar nas áreas semiáridas, mas também conta com um sistema agrícola baseado na monocultura de exportação, nas regiões da Zona da Mata.

A fruticultura é o carro chefe do nordeste, com as frutas sendo seu principal cultivo. Frutas como melão, uva, manga e abacaxi são bem fortes na região.

Principais produtos agrícolas por estado:

  • Alagoas: Cana-de-açúcar (R$ 2,2 milhões); Mandioca (R$ 448 mil); Banana (R$ 244 mil)
  • Bahia: Soja (R$ 17 milhões); Algodão herbáceo (R$ 7,3 milhões); Milho em grão (R$ 2,9 milhões)
  • Ceará: Tomate (R$ 7,8 milhões); Maracujá (R$ 623 mil); Banana (R$ 623 mil)
  • Maranhão: Soja (R$ 7,7 milhões); Milho em grão (R$ 6,7 milhões); Cana-de-açúcar (R$ 488 mil)
  • Paraíba: Cana-de-açúcar (R$ 1 milhão); Abacaxi (R$ 471 mil); Banana (R$ 253 mil)
  • Pernambuco: Cana-de-açúcar (R$ 2,7 milhões); Uva (R$ 1,9 milhão); Manga (R$ 826 mil)
  • Piauí: Soja (R$ 8,1 milhões); Milho em grão (R$ 3,4 milhões); Mandioca (R$ 316 mil)
  • Rio Grande do Norte: Melão (R$ 823 mil); Cana-de-açúcar (R$ 704 mil); Banana (R$ 388 mil)
  • Sergipe: Milho em grão (R$ 1 milhão); Laranja (R$ 368 mil); Cana-de-açúcar (R$ 253 mil)

Os dados referentes a produção agropecuária dos estados brasileiros foram extraídos do levantamento da produção agropecuária brasileira do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem como base o ano de 2023. Confira completo aqui.

*Estagiário sob supervisão