25/03/2021 - 15:11
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, se declarou suspeito para atuar no processo da Operação Placebo, que investigou supostos desvios durante a gestão do governador afastado Wilson Witzel. Em despacho datado desta quarta, 24, o magistrado cita ‘razões de foro íntimo’ em razão de ‘uma relação pessoal com uma das partes até o ano de 2019’.
“Assim faço para que não pairem dúvidas acerca da isenção da jurisdição prestada por esta Justiça Federal”, afirmou Bretas no despacho. Os autos serão encaminhados à juíza substituta da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.
A ação em questão tem como partes a mulher de Witzel, Helena, o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Lucas Tristão, o empresário Mário Peixoto, os supostos operadores de Alessandro Duarte e Cassiano Luiz, o sócio de Peixoto Juan Elias Neves de Paula, o ex-subsecretário João Marcos Borges Mattos e o ex-prefeito de Volta Redonda Gothardo Lopes Netto.
O caso foi enviado à 7ª Vara Federal do Rio em fevereiro, quando a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça aceitou a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, mas apenas com relação a Witzel.
A PGR imputa aos nove acusados supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados à razão de pagamentos feitos por empresas ligadas a Mário Peixoto, preso na Lava Jato, e pela empresa da família de Gothardo Lopes Netto ao escritório de advocacia da primeira-dama Helena Witzel. A suspeita é a de que a banca tenha sido usada para lavar pelo menos R$ 554 mil em propinas supostamente pagas em troca do direcionamento de contratações.
A decisão de Bretas foi dada no dia seguinte ao julgamento em que a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro no caso do triplex, que resultou na primeira condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato
Em voto proferido no último dia 9, o ministro Gilmar Mendes, fez críticas à vara chefiada por Bretas, que é responsável pelos processos da Lava Jato no Rio. “A tal 7ª vara do Rio de Janeiro, não sei porque o escândalo ainda não veio à tona, mas o que se fala em torno dessa vara também é de de corar frade de pedra”, afirmou o ministro na ocasião.