A 2ª fase do vestibular da Universidade de São Paulo (USP) começou neste domingo com as prova de Português e Redação, cujo tema proposto foi “Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”. Dos 30,1 mil candidatos, 7,24% faltaram – no ano passado essa taxa foi 7,9% ao final dessa etapa.

Conforme a Fuvest, foram usados textos de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak, com o objetivo de que os candidatos “refletissem a respeito dos deslocamentos forçados por desastres ambientais, como também aqueles causados pelas mudanças climáticas, que afetam principalmente grupos sociais mais vulneráveis e causam crises humanitárias.”

Para professores de redação de pré-vestibulares, o tema proposto exigia abordagem multidisciplinar e que discutisse causas e consequências do problema. Além disso, era preciso tratar de possíveis ações para enfrentar o problema.

Segundo Arthur Medeiros, coordenador de Redação do Poliedro, a coletânea de textos de apoio fornecia base suficiente para que o estudante refletisse sobre o tema. “Não considero esse tema difícil. Traz um problema social claro e sobre o qual muito se fala. O trabalho maior ao qual o candidato deveria se dedicar era o de refletir sobre essa questão e mostrar o que leva determinados lugares do mundo a enfrentar esse desafio de forma tão mais alarmante do que outros”, diz.

“É um tema pertinente e interdisciplinar. Precisava ter conhecimento de História, Geopolítica e Atualidades, com a leitura de jornais”, afirma Evaneide Albuquerque, coordenadora da área de Linguagens do Cursinho da Poli.

Para ela, uma abordagem possível era discutir a responsabilidade dos governos no enfrentamento de questões que poderiam evitar desastres ambientais e migrações forçadas. “Enfatizar que não são desastres naturais: é um problema político e muitos líderes mundiais já têm sido chamados a atenção por conta da responsabilidade de organizarem políticas ambientais que não estão sendo feitas”, afirma.

Professor de Redação do Curso Anglo, Felipe Leal vê mudança no tipo de tema. “A Fuvest tem tradição de trazer temas de caráter mais abstrato e filosófico. Claramente agora opta por tema relacionado a um problema social.”

Candidatos elogiaram a proposta. Maria Antônia Malatesta, de 21 anos, que tenta vaga em Biblioteconomia, classificou a prova como bem feita por abordar questões políticas e atuais. “Achei a prova bem contextualizada. Gostei dos temas propostos nas questões.”

Artur Martins, de 23 anos, também elogiou. “A questão climática é muito atual”, diz.

PORTUGUÊS

O restante da prova, diz o professor de Português do Curso e Colégio Objetivo Laudemir Fragoso, demandou maturidade e análise crítica. A “decoreba” e a leitura de resumos dos livros cobrados não era suficientes, segundo ele. “Exigiu-se análise profunda das obras literárias.”

Hoje, será a prova de disciplinas específicas, que mudam conforme o curso escolhido.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.