O Fundo Monetário Internacional (FMI) destaca o fato de que, mesmo com altas de juros “agressivas” por bancos centrais ao longo do último ano, diante da inflação elevada, as condições financeiras em boa parte do mundo têm ficado mais relaxadas, o que representa um desafio para as instituições responsáveis pelas políticas monetárias. O Fundo recomenda que os bancos centrais sejam “resolutos na sua luta contra a inflação e garantam que a política monetária siga apertada o tempo suficiente para garantir que a inflação seja levada de modo duradouro de volta à meta”.

As recomendações estão em texto publicado nesta quinta-feira, 2, no blog do FMI, de autoria de Tobias Adrian, diretor do Departamento Monetário e de Mercados de Capitais, e de Christopher Erceg e Fabio Natalucci, ambos vice-diretores no mesmo departamento.

O trio nota que a queda nos preços de energia e nos índices cheios de inflação impulsionam o otimismo de que a política monetária pode ser relaxada ainda neste ano. Isso provocou um “recuo acentuado nas taxas de juros de mais longo prazo globais e impulsionou mercados financeiros nas economias avançadas e também nos mercados emergentes”.

Segundo eles, porém, investidores podem estar otimistas demais sobre o processo para a inflação retornar à meta. Os índices cheios e os núcleos da inflação seguem “muito elevados” e os BCs precisam ser decididos na luta contra ela, a fim de garantir que a política siga apropriadamente dura o tempo suficiente para garantir que os preços retornem à meta, argumentam.

O FMI ainda menciona que há, segundo analistas, risco “significativo” de recessões em muitas economias, mas para eles, caso isso ocorra, elas seriam “leves”. O trio recorda que a história mostra que a inflação elevada é muitas vezes algo persistente e precisa de ações decisivas da política monetária para reduzi-la. E também ressalta que a experiência sugere que períodos prolongados de ganhos rápidos nos preços fazem com que as expectativas de inflação fiquem mais suscetíveis a sofrer desancoragem.

Nesse contexto, defendeu que os bancos centrais “continuem a ser decididos”, comunicando a necessidade de juros mais altos por mais tempo até que existam evidências de que os salários e preços de serviços retornem de modo sustentável à meta.

Formuladores de políticas, porém, devem enfrentar pressões para relaxar a política, conforme aumenta o desemprego e a inflação continua a cair. “Esses desafios podem ser particularmente agudos para economias de mercados emergentes”, destacam as autoridades do FMI, mas também advertem contra um relaxamento prematuro, que geraria o risco de forte retomada na inflação assim que a atividade voltar a ganhar força, “deixando os países suscetíveis a mais choques que poderiam desancorar as expectativas de inflação”.