A montagem de uma árvore de Natal é um momento de descontração. Pais e filhos passam horas escolhendo e arrumando os enfeites, como bolas coloridas, estrelas, duendes e papais noéis. A escolha da árvore também faz parte da tradição. No comércio podem ser encontradas centenas de modelos de pinheiros artificiais, com galhos esbranquiçados que simulam neve, piscapisca e até árvores musicais. Mas, mesmo com tantas opções, há quem prefira os pinheiros naturais. Segundo dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), somente na capital paulista, a demanda por árvores naturais deve crescer mais de 20% neste ano, passando de 180 mil unidades vendidas em 2011, para 220 mil unidades. “A procura por pinheiros naturais tem crescido nos últimos anos”, diz Flávio Godas, superintendente do Ceagesp. “Esse movimento acontece em função do aumento da renda da população.”

Para garantir o fornecimento de pinheiros de Natal, o Ceagesp conta com a produção de 40 agricultores no Estado. Muitos desses produtores estão no cinturão verde da capital paulista, região tradicional de cultivo de hortaliças e legumes. Entre eles, Valter Saturnino, de Parelheiros, distrito rural no extremo sul da cidade, que há duas décadas produz pinheiros naturais em sua propriedade de mil metros quadrados. São quatro mil árvores plantadas. Para Saturnino elas representam um renda extra no final de ano. “Sou jardineiro e aproveito o Natal para garantir, com os pinheiros, a ceia e os presentes em casa”, diz. Aos 45 anos, ele chega a faturar R$ 5 mil com a venda das árvores. “A festa dos outros garante a minha festa”, diz ele.

Os preços dependem do tamanho do pinheiro. Uma árvore de dois metros de altura é vendida pelo produtor por R$ 40, quatro vez mais do que obtém com as de menor porte. Até chegar ao Ceagesp, o valor pode saltar para R$ 180. O comerciante Guilherme Torbitoni, da loja virtual Nino Árvores, da capital, explica o sobrepreço: segundo ele, o revendedor precisa cuidar do pinheiro até ele se adaptar ao vaso, e isso gera custos. “Além da compra do vaso, ainda temos o custo do transporte, do adubo e das podas”, diz. Torbitoni, que oferece os pinheiros também pela internet, acredita que suas vendas neste Natal chegarão a 250 árvores, quase 50% a mais do que no ano passado.

Quem também está empolgado com as vendas de pinheiros é Gustavo Bertoldi, da floricultura Bertoldi, no município de Rio do Oeste, em Santa Catarina. Bertoldi planta nove mil pinheiros em quatro hectares, dos quais 2,5 mil são vendidos todos os anos. “Para as festas deste ano não tenho mais nada”, diz Bertoldi. “Já estou me preparando para o Natal de 2013.” A previsão é vender três mil árvores no próximo ano. “Mas vamos ter de correr contra o tempo”, afirma o produtor. 

O maior desafio para  a ampliação da produção de pinheiro é o tempo que a árvore leva para crescer. Do plantio em estufa, até a muda chegar aos dez centímetros, é necessário um ano. A partir do segundo ano, com 20 centímetros, a planta é transferida a um vaso e protegida do sol forte ou da chuva excessiva, até atingir 40 centímetros. Com essa altura ela é transferida para as áreas de cultivo e leva mais três anos para atingir um metro de altura. Além dos pinheiros, Bertoldi cultiva  plantas ornamentais, flores e pequenas árvores para jardins. “Os pinheiros devem continuar, por muitos anos, como uma boa opção de diversificação na propriedade”. Segundo o produtor, há mercados em ascensão além da capital paulista. “Santa Catarina e Rio Grande do Sul também têm demanda aquecida.”

A floricultura Blumengarten, de Porto Alegre, é uma das clientes de Bertoldi. Sinécio Klein, proprietário da empresa, diz que neste ano comprou do produtor catarinense e de outros do interior gaúcho 500 pinheiros. “No ano passado foram somente150 unidades, mas vimos que este seria um bom negócio também para o consumidor”, diz Klein. O valor do pinheiro natural de dois metros acaba saindo mais barato do que o artificial. “Uma árvore artificial chega a custar até R$ 530, enquanto um pinheiro não ultrapassa os R$ 200”, diz Klein.