Segundo o IBGE, a produção agrícola do Rio Grande do Sul está distribuída em quase 22 milhões de hectares e cerca de 365 mil propriedades rurais, e apenas 4,3% delas são dedicadas à silvicultura. Para a CMPC Brasil, esses números representam uma oportunidade de expansão da bioeconomia. A empresa de papel e celulose, que tem unidade industrial na cidade gaúcha de Guaíba, quer aumentar em 60% sua área plantada com eucalipto no estado, passando de 25 mil para 40 mil hectares ainda este ano. Essa meta é parte de um projeto maior da companhia, o RS+Renda, iniciativa de fomento florestal que tem o intuito de estimular o desenvolvimento da silvicultura e agregar valor para os produtores.

Uma vantagem para quem decidir entrar na parceria com a CMPC é a oportunidade para diversificar a renda com suporte técnico e garantia de compra da madeira, já com valor mínimo pré-estabelecido para a produção. A empresa assume o compromisso de fornecer mudas de eucalipto, prestar assistência necessária no desenvolvimento da silvicultura, colher e transportar a madeira. O produtor entra com a área para o plantio e tem a responsabilidade de obter e manter o licenciamento ambiental. Mesmo nessa etapa, que exige conhecimento mínimo de procedimentos e processos, a companhia também se dispõe a apoiar o agricultor, inclusive no que diz respeito ao Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD).

PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Rio Grande Do Sul:
365 mil propriedades agropecuárias apenas
4,3% investem em silvicultura

Na opinião do diretor-geral da empresa, Mauricio Harger, o RS+Renda é uma contribuição sustentável para o sistema agroflorestal combinada ao cultivo. “Estão no foco do programa produtores rurais e proprietários de terra que irão investir na produção de eucalipto, matéria-prima renovável e biodegradável”, afirmou. Em relação aos investimentos iniciais para a implantação do sistema, caso o dono da propriedade não tenha recursos disponíveis, há a possibilidade de fazer um financiamento diretamente com a CMPC. O valor negociado vai sendo abatido do montante final que o parceiro teria a receber da empresa. A quantia a ser descontada pode variar de acordo com o perfil do solo, os recursos necessários para implementar o sistema de silvicultura e recuperar áreas degradadas, além do índice de produtividade do ano.

ETAPAS A cadeia de produção começa nos viveiros, passando por plantio, colheita, até o transporte da madeira (Crédito:Divulgação)

TAMANHO CERTO Para abraçar os diferentes perfis e interesses dos produtores, a CMPC dividiu o programa nas seguintes modalidades: parceria, parceria com compras antecipadas, fomento e fomento social. A primeira delas funciona como uma sociedade, na qual a empresa realiza todas as atividades do plantio à colheita mais o transporte da madeira, e o parceiro tem 50% do produto colhido. Ou pode optar por antecipar a compra da madeira pela CMPC, que pagará 70% adiantados e os 30% restantes no final do processo.

Aqui vale um esclarecimento: nesses dois formatos de parceria, em que o produtor apenas cede a área para que a CMPC realize o plantio e as demais atividades, não há necessidade de tomar crédito, por isso o financiamento não estará disponível. Diferentemente das demais, as categorias de fomento e fomento social, em que o agricultor é quem planta. A iniciativa possibilita a participação tanto de pequenos produtores quanto de proprietários com áreas de médio e grande porte. Dessa forma, a companhia diversifica sua base produtiva. Para Harger, “o programa promove um valor compartilhado, inserindo as populações das regiões rurais na bioeconomia e conservando os biomas”.

“O programa promove um valor compartilhado, inserindo as populações das regiões rurais na bioeconomia e conservando os biomas” Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC no Brasil (Crédito:Divulgação)

Além disso, a silvicultura não sofre tanto o impacto das mudanças climáticas e nem de variações de preços. “É uma atividade muito competitiva a longo prazo”, disse o diretor-geral da CMPC. Para o executivo, o RS+Renda chega não só para apoiar produtores na recuperação das áreas degradas de suas propriedades e instruir em como torná-las produtivas e sustentáveis, mas também para oferecer uma possibilidade de agricultores com idade mais avançada garantirem um suporte financeiro. “Chega uma fase em que se perde um pouco a capacidade de força laboral e o programa acaba sendo uma boa alternativa de apoio”, afirmou.