01/12/2020 - 7:30
O xadrez partidário nacional tem uma nova força na direita. Com 211 prefeitos eleitos neste ano, o Republicanos entrou na lista dos dez maiores do País, sendo o mais conservador deles. Das grandes cidades, o partido vai governar Vitória, Campinas e Sorocaba, conquistadas no segundo turno, mas já havia expandido sua atuação como força eleitoral com conquistas no primeiro turno em pequenos e médios municípios, tendo ainda 2.572 vereadores que podem facilitar seu plano de fundo: ampliar a bancada federal no Congresso.
Já no primeiro mandato como deputado, o presidente do partido, Marcos Pereira (SP), chegou ao cargo de vice-presidente da Câmara e agora almeja suceder ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A eleição interna do Congresso é o próximo tabuleiro da política.
Os prefeitos eleitos pelo partido superam, por exemplo, os 183 vitoriosos do PT. Foi um ganho de mais de cem prefeituras.
Sem amarras ideológicas e com apetite por espaços no governo, o Republicanos apoiou os últimos três presidentes da República: Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. Atualmente abriga, ainda que “de passagem”, dois dos filhos parlamentares de Jair Bolsonaro: o vereador no Rio Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (RJ).
Na bolsa de apostas, é um dos partidos aos quais o presidente pode escolher se filiar para a reeleição em 2022. Diferentemente do fracassado plano de criar o Aliança pelo Brasil, no Republicanos o clã Bolsonaro não teria o controle de verbas, nem poder de vetos, avisou a cúpula da legenda, vacinada pelas brigas que o presidente e seus filhos causaram no PSL.
Origem
O Republicanos foi criado há 15 anos com incentivo de líderes evangélicos. O partido surgiu em 2003, tendo como maior nome o ex-vice-presidente José Alencar. Desde 2011, a legenda é dirigida por Pereira, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e ex-diretor da Record TV.
O cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getúlio Vargas, considera que o Republicanos está “bem encaminhado” para crescer novamente em 2022. “Está provado cientificamente que quanto mais vereadores e prefeitos melhor é sua eleição para a Câmara dois anos depois”, disse Praça.
Por outro lado, o Republicanos esforça-se para se desvencilhar de reveses na sua maior vitrine até agora, a prefeitura do Rio de Janeiro, administrada pelo prefeito Marcelo Crivella, bispo da Universal e sobrinho de Edir Macedo, o fundador da igreja.
Derrotas
As pesquisas internas que o partido encomendava já mostravam dificuldades no Rio e em São Paulo, o que faria a direção nacional resistir às candidaturas de Crivella e do deputado Celso Russomanno. As duas derrotas são atribuídas mais à má gestão do prefeito e erros de estratégia e comunicação de Russomanno. “As pessoas não rejeitaram o partido, mas sim os candidatos. Tanto que elegemos sete vereadores no Rio e quatro em São Paulo”, afirmou Pereira.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.