Perspectiva-2021/2022

O desempenho da lavoura de laranja em 2022 não deve ser tão parecido com o que se viu no ano passado. E nem no anterior. Muito por conta da pressão dos efeitos climáticos sobre os pomares. É o que mostra o relatório de Perspectivas para o Agronegócio do Rabobank, que prevê uma colheita inferior a 270 milhões de caixas. Mais pessimista é o levantamento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), feito em parceria com a FEA-RP/USP e a FCAV/Unesp, que indica pouco mais de 264 milhões de caixas no cinturão citrícola que envolve o estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro, onde está quase toda a produção nacional da fruta.

“Os pomares passaram por dificuldades, o esperado é uma safra semelhante a do ano passado” Andrés Padilla, Rabobank (Crédito:Divulgação)

Esse cenário desafiador começou ainda em novembro de 2020, quando São Paulo enfrentou uma seca inesperada bem na fase em que os pomares passavam das flores para a formação de frutos. Com a queda da primeira florada, toda laranja que seria produzida se perdeu, e a safra 2020/21 gerou apenas 269 milhões de caixas, abaixo das 300 milhões necessárias para a colheita ser considerada de bienalidade positiva. “Por conta do clima, já sabíamos que não haveria uma produção de 300 milhões de caixas”, disse o presidente da CitrusBr, Ibiapaba Netto. “A última grande colheita do setor foi em 2019/20, com a marca de 388 milhões de caixas.”

Entre os meses de maio e junho do ano passado, veio um segundo período sem chuva. E logo em seguida os pomares enfrentaram duas geadas. “Tudo o que poderia ter acontecido de ruim com o clima aconteceu”, afirmou Netto. De acordo com o Fundecitrus, as consequências graves da seca só começaram a ser amenizadas em outubro, único mês desde o início da safra em que as chuvas superaram a média histórica. Seguindo o fenômeno da bienalidade, esperava-se que a segunda safra de 2021 apresentasse números melhores que os da anterior.

O setor de laranja encerrou 2021 com uma safra, no mínimo, desafiadora em relação aos eventos climáticos e a suas consequências. Os pomares do Sudeste brasileiro passaram por períodos de significativo estresse, impactando as perspectivas de produção. Com a oferta limitada, o preço da laranja se manteve em patamares elevados ao longo do ano, o que ajudou os produtores a, pelo menos, compensarem as perdas.

Para o analista de pesquisa do Rabobank, Andrés Padilla, “os solos dos pomares ainda estão em situação de estresse, consequência das secas e geadas enfrentadas ao longo de 2020 e 2021”. Será difícil alcançar uma safra significativamente alta em 2022, tendo em vista todos os problemas hídricos. “Os pomares passaram por dificuldades, o esperado é uma safra semelhante a do ano passado”, disse o especialista. O mais provável é que se confirme uma sequência de três safras menores.

Como o desempenho das plantações ainda depende de vários outros fatores, é preciso ter muita cautela com o manejo da lavoura durante este ano. A infestação do greening está entre as principais preocupações dos citricultores, pois a doença vem impactando muitos pomares no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo Mineiro, e limitando a produção. Segundo o monitoramento realizado pelo Fundecitrus, a incidência do greening alcançou quase 22,4% dos laranjais dessa região em 2021, o que representa avanço de 7,2% sobre o ano anterior. Além disso, ainda há que se lidar com o aumento do custo dos insumos, o que tem criado dificuldades, principalmente, para pequenos produtores.

Divulgação