Depois de se reunir com representantes do setor hoteleiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) disse nesta quinta-feira, 30, que foi discutida no encontro a ideia de fazer uma festa de réveillon mais “espalhada” por outras áreas da cidade e não concentrada em Copacabana.

No último fim de semana, a Prefeitura informou que não haveria a festa no formato “tradicional” – reunindo até 3 milhões de pessoas na orla de Copacabana. O anúncio provocou pressões do setor hoteleiro, já duramente atingido pela pandemia do novo coronavírus e temeroso de perder ainda mais dinheiro.

O município, na ocasião, prometeu que novos formatos de comemoração seriam estudados, para evitar aglomerações que facilitam a transmissão da doença. Um espetáculo virtual de fogos de artifício, sem público e com transmissão pela televisão e redes sociais, chegou a ser cogitado.

“Eles (empresários do setor hoteleiro) me apresentaram uma ideia interessante, que é você espalhar o povo, em vez de concentrar em Copacabana, no sentido que todos possam assistir diversos espetáculos e não terem problema de estarem aglomerados e de repente alguém sem máscara contaminar muita gente”, afirmou o prefeito.

Representantes da Vigilância Sanitária que também participaram da reunião estudam as medidas necessárias para colocar o plano em prática. A festa de Réveillon de Copacabana tradicionalmente começa a ser organizada no mês de agosto. “Vamos apresentar ao conselho científico, depois novamente à sociedade, discutir com os vereadores, pessoal do hotel e do comércio”, afirmou o prefeito. “Acho que pode ser uma boa ideia.”

De acordo com o último boletim divulgado nesta quinta pelo governo do estado, a cidade registra 70.989 casos de covid-19 e 8.270 mortes e a epidemia segue em expansão. “A gente precisa superar essa nossa tristeza, essa nossa tragédia. Enxugar os olhos, erguer os olhos para os céus e seguir”, disse Crivella. “Temos filhos, netos, jovens. A vida continua por mais que a gente tenha que levar essa tragédia.”

No início da semana, Crivella já havia considerado realizar uma pesquisa popular para saber se festas como o réveillon e carnaval devem ser realizadas. A data e o formato do carnaval tampouco foram definidos. Os principais organizadores da festa decidiram adiar para setembro a decisão sobre a data em 2021. Riotur, Liga das Escolas de Samba e associações de blocos ainda apostam no surgimento de uma vacina contra a Covid-19, capaz de garantir as aglomerações sem risco na data oficial, em fevereiro.

A última reunião da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) para tratar do assunto ocorreu no dia 14, mas o encontro terminou sem nenhuma definição sobre a data do evento.

“Imaginamos que até meados de setembro a gente tenha uma definição”, disse o presidente da Liga, Jorge Castanheira, na ocasião. “Só imaginamos o desfile em fevereiro com a vacina. O desfile não pode acontecer sem aglomeração dos desfilantes ou de quem está assistindo”.

A pedido da Liesa, a Riotur suspendeu a divulgação dos preços dos ingressos do Sambódromo para o público estrangeiro. A entidade também suspendeu as negociações com as empresas responsáveis por disponibilizar a infraestrutura do carnaval de rua.

A Associação de Blocos Sebastiana, que reúne onze dos mais tradicionais blocos do Rio, informou que também pretende aguardar até setembro para que a decisão seja tomada em conjunto. “A Sebastiana é contra a realização dos desfiles em 2021 se não houver uma vacina contra a covid-19 e a consequente imunização da população”, afirmou a presidente da associação, Rita Fernandes.