A revisão nos dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2020 e 2021 ajudou a impulsionar a atividade econômica para o maior nível já registrado na série histórica das Contas Nacionais apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O PIB brasileiro alcançou no terceiro trimestre o maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. No entanto, após a revisão da série do IBGE, o PIB tinha ultrapassado já no segundo trimestre de 2022 o pico anterior, registrado oito anos antes, em 2014.

As Contas Nacionais Trimestrais incorporam no PIB do terceiro trimestre as informações definitivas das Contas Nacionais Anuais divulgadas pelo IBGE sobre o resultado de dois anos antes. Ou seja, o PIB do terceiro trimestre de 2022 incorpora o dado anual definitivo do PIB de 2020, que foi revisado, dando sequência a uma revisão também das informações trimestrais referentes a 2021 e 2022.

“Esse ano tivemos um processo mais intensivo de revisão exatamente porque o (a incorporação do PIB) definitivo foi do auge do efeito da pandemia”, frisou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Ela ressalta que houve mudança expressiva no peso das atividades econômicas no cálculo do PIB.

“Exatamente por ser ano de pandemia, houve efeito maior, muita mudança de peso nas atividades econômicas. O efeito da pandemia foi muito diferente entre as atividades econômicas”, justificou Rebeca Palis, lembrando que a agropecuária e o segmento de informação e comunicação foram menos afetados, enquanto os transportes e os serviços presenciais foram mais prejudicados.

Ela lembra que a agropecuária está ganhando peso no PIB “muito por conta dos preços agrícolas”, que subiram acima dos preços das demais atividades. “Temos tido recorde de safra, isso também colabora”, acrescentou. “A alta de preços do agro foi muito abrupta em dois anos.”

A coordenadora do IBGE ressalta, porém, que o movimento expressivo de ganho de peso é atípico. Mudanças de pesos não costumam acontecer de forma abrupta, como em 2022, disse ela.

Revisões

A partir das revisões de dados do PIB de 2020, o PIB de 2021 foi revisto de uma alta de 4,6% para 5,0%. O PIB agropecuário de 2021 passou de -0,2% para 0,3%; o PIB industrial, de 4,5% para 4,8%, o PIB de serviços, de 4,7% para 5,2%.

Sob a ótica da demanda, o desempenho do consumo das famílias de 2021 foi revisto de 3,6% para 3,7%; o consumo do governo, de 2,0% para 3,5%; a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), de 17,2% para 16,5%; as exportações, de 5,8% para 5,9%; e as importações, de 12,4% para 12,0%.

“Tanto o PIB quanto os serviços estão no pico histórico”, frisou Rebeca Palis, sobre o desempenho da economia no terceiro trimestre de 2022. “Agropecuária e indústria seguem abaixo do pico.”

O pico do PIB agropecuário foi alcançado no primeiro trimestre de 2021, enquanto o PIB industrial teve seu auge no terceiro trimestre de 2013.

No terceiro trimestre de 2022, o consumo das famílias e o consumo do governo também alcançaram o pico histórico. Já o auge da Formação Bruta de Capital Fixo ocorreu no segundo trimestre de 2013.