23/09/2020 - 16:25
O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Geraldo Riva, afirmou ter recebido R$ 2 milhões do ex-governador Silval Barbosa durante campanha encabeçada por sua mulher, Janete Riva, ao Palácio Paiaguás em 2014. A indicação foi feita em mais um anexo da delação do ex-deputado, no qual consta ainda que metade do caixa 2 foi entregue em espécie a Riva pelo irmão de Silval, Antônio da Cunha Barbosa Filho, o ‘Toninho Barbosa’, em duas ocasiões – uma no estacionamento do Alpha Mall e outra na antessala do gabinete de Silval na sede do Executivo de MT.
“Na ocasião, pré-candidato a governador, nós visitamos o governador Silval. Ficou determinado uma ajuda para essa campanha. E eu quero detalhar aqui que nessa campanha de 2014 nós recebemos R$ 2 milhões como auxílio. R$ 500 mil nós recebemos diretamente do governador Silval lá no seu gabinete, numa tarde que eu não me recordo o dia da semana, mas sei que foi anterior à campanha eleitoral”, afirmou Riva em vídeo.
Fora o montante em espécie, Riva disse ter recebido R$ 1 milhão em material da Gráfica Print. Além disso, para além de tais valores, o ex-presidente da ALMT relatou o recebimento de 300 mil litros de óleo diesel, também de Silval.
“O governador Silval Barbosa determinou ao Posto Bom Clima, do senhor Kaka, que nos entregasse 300 mil litros de óleo diesel para a campanha. Esse óleo diesel não foi retirado no Posto Bom Clima, do Kaka. Nós retiramos esse material no Posto Marmeleiro. Sei que o Posto Marmeleiro fez um acerto com o Kaka e ele acabou pagando em dinheiro esse valor que foi retirado lá”, completou Riva.
Já homologada pelo Tribunal de Justiça pelo Mato Grosso, a delação de Riva revelou um suposto pagamento de mesadas a 38 deputados, com valores que totalizam R$ 175 milhões, além de propinas para negociação de eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e até a compra de vagas de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado.
Entre os nomes citados por Riva estão o do prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) e o do presidente da Corte de Contas matogrossense, Guilherme Maluf.Segundo Riva, desde 1995 um esquema de propinas envolve deputados da Casa legislativa de Mato Grosso ‘sob o argumento de manter-se a governabilidade’.
O delator apontou ainda que o esquema ganhou ‘nova sistemática’ na gestão Blairo Maggi (PP/2003-2010), que posteriormente ocupou o cargo de ministro da Agricultura no governo Michel Temer. Tal modelo também se manteve na gestão de Silval Barbosa (MDB/2010-2014) ‘com a mesma forma também, utilizando de factorings (fomento mercantil), de agiota’.
Há duas semanas Barbosa foi denunciado pelo Ministério Público Federal na semana passada por corrupção e associação criminosa após ex-deputados terem sido flagrados em vídeo recebendo propinas em espécie do então chefe de gabinete do ex-governador, em dezembro de 2013, uma semana antes do Natal. O ex-governador também fechou acordo de delação premiada quando foi preso, em 2017.
COM A PALAVRA, O EX-GOVERNADOR SILVAL BARBOSA
Até a publicação desta matéria, a reportagem havia entrado em contato com a defesa do ex-governador e de seu irmão, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.