06/11/2025 - 17:24
Jovens do Brasil, da França e do continente africano estão reunidos nesta quinta-feira (6), na região do Polo de Economia Criativa de Salvador para defender a habitabilidade de seus territórios, sejam eles rurais ou urbanos.
Em sessão plenária intitulada Eu Defendo Minha Cidade, lideranças das áreas ambiental, política e da sociedade civil tiveram a oportunidade de trocar experiências de iniciativas sustentáveis diante da urgência climática.
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Durante exposição, a agricultora Ana Mirela Silva [foto de destaque], de 19 anos, falou dos desafios de promover educação ambiental na zona rural de Matinada, no município baiano de Taperoá, a cerca de 140 quilômetros da capital. A este trabalho a jovem se refere como “extensionismo rural”.
“Dissemino com crianças e jovens como é trabalhar com os orgânicos, fazendo hortas orgânicas e levando a hidroponia- que é uma tecnologia social sustentável, e que visa a produção para pessoas que têm pouco espaço ou estão em áreas compactadas e até mesmo ribeirinhas”, afirma.
Ao se apresentar diante de políticos e pensadores da África e da França, Ana Mirela Silva se autointitulou roceira, “com muito orgulho!”.
“Eu tive a curiosidade de pesquisar o que seria e percebi a expressão se encaixa para pessoas que têm aptidão com o campo. Isso não me abate mais hoje em dia. Sou preta, sou pobre, sou roceira, moro no interior, e eu honro minhas raízes”, diz a agricultora.
Ana Mirela defende o papel das novas gerações como fundamental para mudança de consciência ambiental, especialmente para influenciar os mais próximos como os pais e responsáveis. A jovem explica que assim como os pais dela, também trabalha no campo, mas, o que os difere são os estudos, que ela teve a oportunidade de concluir.
Durante o encontro, ela falou sobre segurança alimentar e resiliência climática com a promoção de inclusão social.
Intercâmbio
Justiça climática e inclusão dos jovens nas discussões sobre o futuro das cidades são temas debatidos no Festival Nosso Futuro levantados por Seydina Samb. prefeito da comunidade de Yolf, no Senegal, a cerca de 5,3 mil quilômetros de Salvador. De acordo com o político, Brasil e a África estão unidos em propósitos ecológicos.
Aos 38 anos, Samb fala sobre a urgência de derrubar títulos como “áreas rurais” ou “urbanas” para caracterizar as cidades e define que a melhor expressão a usar é “municípios sustentáveis”, que priorizem a transição ecológica, como a opção por energias renováveis, por exemplo.
Samb explicou que no município de Yoff, que fica na região metropolitana da capital senegalesa Dacar, as escolas estão sendo equipadas com energia eólica e que sua gestão é marcada por priorizar “levar verde para todos os espaços”. “É urgente termos ações concretas, porque a Terra chora”, lamentou Samb.
A cerca de 5 mil quilômetros de Yoff, no Senegal, e quase 8 mil quilômetros de Salvador, as ações de uma política francesa, que tem a ancestralidade oriunda do Brasil (filha de mãe baiana e pai francês), também conectam os três pontos do globo terrestre.
Céline Hervieu é deputada de Paris pelo Partido Socialista da França. Ela defendeu, em português – língua aprendida com a mãe – a educação de crianças e jovens como mola transformadora da sociedade. E acrescentou que o Brasil tem dado exemplo de representatividade em todos os espaços, inclusive os de poder. “Vermos uma mulher como a ministra da Cultura, Margareth Menezes, neste local faz com que meninas e mulheres sonhem e queiram ascender a estes espaços”, concluiu Hervieu.
O Festival Nosso Futuro, em Salvador, faz parte das celebrações dos 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e França.
Até o próximo sábado (8), a capital baiana estará ocupada por eventos culturais, gastronômicos, exposições e oficinas com ativistas, artistas e empreendedores engajados na construção de territórios mais justos e sustentáveis. A maioria, jovens franceses, brasileiros e africanos preocupados com o futuro do planeta, diante das mudanças climáticas.
*A repórter viajou a convite do Instituto Francês.