06/01/2021 - 16:52
O deputado Baleia Rossi (MDB-SP) colocou a defesa de uma vacina universal contra a covid-19 como um de suas primeiras bandeiras caso seja eleito presidente da Câmara, ao lançar oficialmente sua campanha nesta quarta-feira, 6. A pauta foi escolhida como um simbolismo de convergência entre os diferentes espectros dos partidos que compõem o bloco do emedebista, com siglas de centro e esquerda.
“Por sugestão de vários líderes de nosso bloco, conversei com Rodrigo Maia (DEM-RJ) para que, se necessário for, possa, de maneira inédita, fazer uma convocação da Câmara com Senado, que, se precisar, votar alguma medida urgente ainda em janeiro. Estamos a postos e o presidente já deu OK”, disse Rossi.
Baleia lançou a candidatura com o apoio de 11 partidos do centro e oposição que somam 278 deputados, pelas bancadas atuais. Na coletiva de lançamento, no entanto, não havia representantes do PT. O líder da Minoria, José Guimarães (CE), é quem deveria representar o partido, mas seu voo atrasou.
No discurso de lançamento, Baleia voltou a falar que partidos do bloco pensam de maneira diferente em algumas pautas, como a participação do estado na economia. “Vivemos um momento histórico, sim e vale esse registro porque desde a redemocratização do nosso País não tínhamos a união de partidos que pensam diferente formando uma frente ampla. A sociedade quer mais união e compaixão, respeito, igualdade, a sociedade espera uma luta por democracia”, afirmou.
Ele voltou a falar sobre promover uma Câmara independente e livre, lembrou sobre a aprovação do Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb) e disse que alguns partidos do Centrão obstruíram a votação. O bloco é liderado por Arthur Lira (PP-AL), seu adversário principal na disputa pela Câmara.
“Estamos juntos para fazer reformas que Brasil precisa”, disse ele. “Reforma tributária proposta por Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) está pronta para votação e contou com todos partidos”, emendou Baleia, num afago a Ribeiro, do mesmo partido de Lira, mas que apoia sua candidatura. “É importante voltar a olhar pauta com responsabilidade fiscal, votando reformas”.
Baleia consolidou o apoio do PT, PDT, PSB, PCdoB e Rede na semana passada. Juntas, essas cinco legendas somam 119 deputados, considerando as bancadas atuais dos partidos com as últimas mudanças devido às eleições municipais.
O PSOL, também parte da oposição e com dez parlamentares, ficou de fora do anúncio. A bancada está dividida e tem reunião agendada para o dia 15.
Além disso, Baleia tem o apoio do seu partido, do qual é o presidente, além do PSDB, DEM, Cidadania, PV e do rachado PSL. Essas siglas somam atualmente 159 deputados. Com a oposição, o bloco ficaria com 278 nomes.
Na outra ponta, o bloco de Lira tem o aval de dez partidos (Progressistas, PL, Republicanos, PSD, Solidariedade, PTB, Pros, PSC, Avante e Patriota), que somam 203 parlamentares.
O Solidariedade, no entanto, tem uma reunião agendada para semana que vem e poderá rever seu apoio. O partido tem 13 deputados. Para ganhar a eleição, o candidato precisa ter a maioria dos votos dos 513 deputados, ou seja 257 votos em primeira votação, ou ser o mais votado em segundo turno.
Fraude em eleição virtual
Baleia Rossi descartou a possibilidade de ocorrer fraude nas eleições para a presidência da Câmara se for adotado um modelo misto de votações, presencial e virtual, como estuda Maia. A estratégia é criticada pelo opositor, Arthur Lira, que defende a votação unicamente presencial e levanta a possibilidade de fraudes caso haja mudança no formato tradicional das eleições.
“Isso é um factoide, síndrome de Trump”, disse Rossi, em referência às tentativas do presidente norte-americano Donald Trump, derrotado nas eleições do ano passado, de desacreditar o sistema eleitoral dos EUA, mesmo sem apresentar provas.
Baleia Rossi disse que fará viagens, nos próximos dias, para Santa Catarina, Goiás, Bahia, Ceará e São Paulo para angariar votos para sua candidatura.
Sobre a intenção de Lira de buscar votos entre dissidentes de seu bloco, Baleia Rossi disse que não acredita em traições e que confia na palavra dos parlamentares.