São Paulo, 7 – O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Silveira Pereira, avaliou que as dificuldades de abastecimento, provocadas por graves problemas logísticos, são o principal desafio enfrentado neste momento em função das chuvas no Estado. “O estrago no meio rural já está feito. As águas já começaram a baixar, então agora o nosso grande problema é a logística da infraestrutura do Estado, que está totalmente abalada, principalmente na região norte”, disse.

Pontes e estradas estão submersas, o que interrompeu o transporte de insumos e produtos agrícolas. Esta situação afeta principalmente a região norte do Estado, conhecida por sua relevância na suinocultura, avicultura e pecuária leiteira. “Se não tem infraestrutura, não tem logística. Se não tem logística, o leite não chega nas fábricas, que já estão com problema de embalagens. Também não chega ração para o frango nas granjas. A situação está caótica”, acrescentou.

A falta de mobilidade se tornou uma questão crítica no Rio Grande do Sul, com cidades isoladas e sem acessos terrestres, situação que também afeta regiões da capital Porto Alegre desde o fim de semana. As dificuldades de deslocamento também ameaçam o abastecimento urbano. Embora os supermercados tenham estoques para alguns dias, a continuidade das enchentes pode acarretar em problemas de fornecimento em breve, na visão do presidente da Farsul. “Se a água não baixar em 3 ou 4 dias, haverá problema de abastecimento”, disse.

Na região de Bagé foi possível colher soja no fim de semana, em função da estiagem, disse ele. Mas o impacto já está sendo sentido, com expectativa de safra menor. “É um chute, mas o Estado deve perder mais de 2 milhões de toneladas de grãos. Mas não temos nada mensurado e nem condições de fazer uma medição”, ponderou.

Segundo Pereira, o nível de perdas do agronegócio gaúcho também dependerá da continuidade das condições meteorológicas adversas. “As perdas só não são maiores porque, por exemplo, a metade norte (do Estado) já tinha praticamente encerrado a colheita da soja. Já a do arroz, estava adiantada”, explicou o presidente da Farsul, que também citou a existência de silos embaixo d’água.