Depois de sucessivos atrasos para chegada das primeiras doses da Coronavac, o Rio Grande do Sul deu início às 23h45 desta segunda-feira, 18, à campanha de vacinação contra o coronavírus. Em um ato repleto de simbolismo, cinco pessoas que representam os grupos prioritários foram vacinadas simultaneamente no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O Estado recebeu 341,8 mil doses da vacina.

Os primeiros imunizados foram a idosa Eloina Gonçalves Born, de 99 anos, moradora do Residencial Geriátrico Donna Care, Jorge Amilton Hoher, médico-chefe do serviço de Medicina Intensiva da Santa Casa de Porto Alegre, Carla Ribeiro, 32, da etnia kaingang e residente da Aldeia Fag Nhin, Joelma Kazimirski, 48, auxiliar de higienização do Grupo Hospitalar Conceição e Aline Marques da Silva, 40, técnica de Enfermagem CTI Covid do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Com mais de 508 mil infectados, o Estado registra quase 10 mil mortos em decorrência do novo coronavírus. Ao dar início à campanha de vacinação, o governador Eduardo Leite (PSDB) saudou a importância da ciência e refutou as narrativas “negacionistas” que abalam o enfrentamento da pandemia.

“Nunca uma noite foi tão clara. Tão iluminada. Iluminada pela ciência que rompe com a escuridão daqueles que negam a importância da pesquisa e da ciência do nosso País. Que fique claro, aqui no Rio Grande do Sul a gente valoriza a ciência”, afirmou.

Questionado sobre a utilização do kit covid para o chamado “tratamento precoce”, Leite refutou o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, como a hidroxicloroquina. “Não há evidência científica que justifique a expectativa nesse tratamento, como foi anunciado pelo presidente da República. Insistir no tratamento precoce, na minha opinião, é vender uma ilusão. Aqui no Rio Grande do Sul, nós respeitamos a ciência”, ressaltou.

Leite ainda reiterou que as primeiras doses serão aplicadas em profissionais que estão na “linha de frente”. Na cerimônia, reforçou agradecimento aos trabalhadores que seguem combatendo a pandemia. “Vocês estão exaustos, mas não se rendem e cumprem o juramento de cuidar da vida das pessoas. Em nome de 11,5 milhões de gaúchos, eu faço um agradecimento aos funcionários da rede pública, do SUS, que garantem o nosso atendimento”, disse.

Emocionada, a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, também enalteceu o início da campanha. “Eu pensei que não iria viver este dia”, chorou. Além de profissionais da saúde, a campanha iniciará pelo grupo prioritário que também abarca idosos em instituições de longa permanência e 30,1 mil indígenas.

Atrasos

Em função de problema logístico no Ministério da Saúde, a previsão para entrega da carga foi vista e revista ao longo do dia. Ainda na manhã de segunda, quando esteve no Centro de Distribuição Logística do Ministério da Saúde, em Guarulhos (SP), Eduardo Leite havia informado que o início da vacinação ocorreria no fim da tarde. Depois a cerimônia foi remanejada para as 21h30, mas como atrasou o voo da empresa Azul, o governo estadual teve que reagendar o ato para depois das 23h. Antes disso, o governo federal sondou transportar as vacinas por via terrestre e até por meio de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB).

Ao receber as primeiras doses da Coronavac, vacina produzida em parceria pelo Instituto Butantan e o laboratório Sinovac, o governo gaúcho começará, nesta terça-feira, 19, a distribuição para todas as 18 coordenadorias regionais de saúde. Dessa forma, na terça-feira, todos os 497 municípios poderão começar a vacinação.

Porto Alegre recebeu 51,6 mil doses. A campanha deverá ganhar fôlego a partir de quarta-feira, 20. A Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul garante que a divisão das doses ocorreu de maneira proporcional. O Estado tem capacidade de armazenar até 10 milhões de doses.