Agora é oficial. No mês passado, com a divulgação do 12º Levantamento de Safra publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil registrou para o ciclo 2016/2017 o exato volume de 114,1 milhões de toneladas colhidas de soja, recorde de produção e acima da tão aguardada barreira dos três dígitos. O volume é simbólico para um setor que tem batido recordes sucessivos, porque impõe desafios ainda maiores. O principal deles é equacionar a produção em alta, com os custos em escalada e os preços sob pressão. “Plantamos, porque o agricultor é um eterno otimista”, disse o produtor Eduardo Costa Cassiano, dono da fazenda Esteirinha, no município de Goioerê (PR), que cultiva 1,7 mil hectares de soja.

De acordo com a consultoria Agroconsult, o excesso de soja no mercado impactou os preços neste ano e deve repetir a dose na próxima safra. Com isso, a rentabilidade pode cair cerca de 50% em todo o País. No Sudoeste do Paraná, a previsão rentabilidade é de R$ 1.039 por hectare, ante R$ 1.224 na safra passada. No Estado de Mato Grosso, maior produtor do País, a rentabilidade deve ficar em R$ 371 por hectare, ante R$ 784. Mesmo assim, a safra deve ficar novamente acima de 100 milhões de toneladas. Mas pode bater um novo recorde de área, com 34,7 milhões de hectares cultivados. Isso porque a soja deve ganhar algum espaço do milho, em função do preço em queda causado também por uma super safra.

Para dar início ao plantio, Cassiano recebeu no mês passado em sua fazenda cerca de 300 produtores para a Abertura Nacional do Plantio de Soja 2017/2018, evento promovido pelo Canal Rural, em parceria com entidades do setor, entre elas a Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil). A meta do projeto Soja Brasil, que nesta safra está indo para a sexta edição, é mapear a produção em todo o País e discutir tecnologias de produção. Para o presidente da Aproja Brasil, Marcos da Rosa, esse é um dos fundamentos no atual momento econômico que precisam respostas. “Temos assuntos importantes para tratar”, disse Rosa. “Nós viemos aumentando a produtividade e temos condições de aumentar ainda mais, mas precisamos apostar é na renda.” Para ele, o produtor não pode se perder na gestão da safra nos próximos meses, para que sobre alguma renda no final das contas.