O Brasil deve receber 500 mil visitantes estrangeiros, entre turistas e atletas, para os Jogos Olímpicos que acontecem entre os dias 5 e 21 de agosto, e os Paralímpicos, de 7 a 18 de setembro, ambos no Rio de Janeiro. O maior evento esportivo mundial deve ter um impacto positivo de R$ 35,8 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do País, mas também traz riscos. Para o agronegócio, a preocupação são questões sanitárias, como as doenças e as pragas. “Nos Jogos Olímpicos de 2008, na China, por exemplo, foram identificadas 40 novas espécies de pragas naquele país, após a sua realização”, diz Luís Eduardo Pacifici Rangel, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura (Mapa). “Estamos trabalhando para que algo semelhante não aconteça aqui.” Ele acredita que o Brasil está preparado para enfrentar riscos, por já ter passado pelas experiências dos Jogos Panamericanos, em 2007, e da Copa do Mundo de Futebol, em 2014. “Não tivemos o registro de nenhuma nova praga que possa ser atribuídas aos eventos”, afirma.

Para derrotar os adversários, o Mapa já investiu R$ 1,5 milhão em processos e atuará em duas frentes durante os Jogos. Uma delas é coibir a entrada de produtos de origem animal e vegetal no País. Os dois aeroportos por onde desembarcarão os milhares de visitantes e 10,9 mil atletas, o Galeão, no Rio de Janeiro, e Guarulhos, em São Paulo, terão reforçado o número de fiscais do sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro). A ideia é evitar o ingresso de flores, frutas frescas e carne in natura. Serão 92 funcionários, 40 acima da quantidade regular. O Brasil conta hoje com 650 fiscais. “Montamos um esquema de deslocamento de servidores e o Vigiagro terá sua sede temporariamente deslocada de Brasília para o Rio de Janeiro”, afirma Rangel.

Outro foco de atenção é a biossegurança do Centro Olímpico de Hipismo para proteger a saúde dos 314 animais que disputarão as provas equestres nas Olimpíadas e Paralimpíadas. A área, entre o complexo de Deodoro, onde ocorrerão as disputas hípicas, na Vila Olímpica, e o aeroporto do Galeão, passou por vazio sanitário de seis meses para evitar qualquer possibilidade de contaminação, principalmente com o mormo. Nos últimos três anos a doença, que não tem tratamento, fez com que 657 cavalos fossem sacrificados para evitar novos casos. Causado pela bactéria  Burkholderia mallei, o mormo também pode ser transmitido ao homem e a outros animais. “Não há possibilidade de existir bactérias no local”, afirma Rangel. “Fizemos um rigoroso controle para garantir que os animais cheguem e saiam do Brasil com segurança.”