O chefe do Departamento de Contabilidade, Orçamento e Execução Financeira do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, alegou nesta quinta-feira, 16, que o resultado negativo de R$ 298,5 bilhões no balanço financeiro do Banco Central em 2022 foi causado principalmente pela variação cambial no período.

“Essa correção cambial explica R$ 165,8 bilhões do prejuízo do BC no ano passado. E a reavaliação da carteira explica outros R$ 136,3 bilhões negativos, devido à alta de juros nos Estados Unidos e no mundo”, destacou. “Esse resultado negativo chama atenção, mas temos US$ 325 bilhões na carteira. Além disso, o ganho de R$ 79,771 bilhões com operações de swaps compensou um pouco esse resultado”, completou.

Do prejuízo total, R$ 179,1 bilhões serão cobertos mediante reversão de reserva de resultado e R$ 82,8 bilhões serão cobertos por redução do patrimônio institucional do Banco Central.
Outros R$ 36,6 bilhões, porém, precisarão ser cobertos pelo Tesouro Nacional. “É importante ressaltar que no ano passado entregamos quase R$ 72 bilhões ao Tesouro. Esse resultado negativo de agora tem uma magnitude baixa em relação ao que já foi repassado para o Tesouro nos últimos anos”, argumentou Santos.

Quando o Banco Central tem resultado positivo em seu balanço, uma parcela é transferida ao Tesouro Nacional. A transferência é financeira e não tem impacto fiscal direto, mas é utilizada para o pagamento de juros e abatimento de dívida. Já o lucro com reservas e operações cambiais é destinado à reserva de resultados do patrimônio líquido do BC.

Caso o resultado do BC seja negativo, ele é compensado pelos recursos existentes na reserva de resultado e pela redução do patrimônio líquido da instituição, limitado a 1,5% do ativo total do banco. Somente quando essas duas medidas não forem suficientes para cobrir o prejuízo, o Tesouro então emite títulos públicos em favor da autoridade monetária.