12/02/2020 - 14:58
‘Cada caso é um caso’ é o tipo de frase que se aplica facilmente no contexto da segurança no campo. Não há uma receita exata para barrar a atual sofisticação das quadrilhas. A tática do vizinho de cercar a propriedade com arames farpados e colocar cães de guarda para vigiar às vezes não é a mais correta para você. Tudo pode acontecer e da maneira mais singular possível.
Equipamentos são complementares e necessários em nome da boa segurança, mas o problema maior reside na cultura inconsciente do fazendeiro de não conhecer os riscos em torno do seu negócio. Mesmo amparada por modernos sistemas eletrônicos de segurança, a fazendo pode ser invadida. Se o proprietário não for ciente das vulnerabilidades de segurança do seu negócio, ele estará fadado a viver em uma eterna corda bamba.
Por isso, de maneira constante, pergunte a si mesmo: qual é o modus operandi da região? Quais os gargalos de segurança existentes na propriedade? O que acontece no meu negócio neste momento? É preciso rever processos de segurança?
Lembre-se: ladrões e criminosos só atuam com sucesso quando há procedimentos falhos, que não estão somente na falta de aparatos sistêmicos de segurança. A tecnologia sozinha não é sinônimo de sucesso na segurança. Por isso, as pessoas desempenham um papel fundamental neste processo. Na verdade, é um trinômio que envolve não só pessoas, mas também tecnologia e procedimentos. É uma sinergia em que cada um destes agentes precisa da capacidade singular do outro para mostrar a sua força.
Que tal contribuir para a proteção das propriedades entendendo quais são os riscos envolvidos por uma análise de risco, um projeto de segurança eletrônico adequado às necessidades, um procedimento de rotina e emergência aos funcionários e treinamentos contínuos, ao invés de só utilizar equipamentos, como alarmes eletrônicos e câmeras?
Para começar, uma boa saída é conhecer os funcionários e ter um critério assertivo de recrutamento. Um processo de diligência neste caso é bem-vindo com o intuito de conhecer mais a fundo o colaborador. Outro ponto é definir os papéis e responsabilidades. Trazendo para a prática, o porteiro (ou caseiro) tem de cuidar da portaria e do fluxo de acesso das pessoas dentro da propriedade. O segurança/zelador não pode fazer o papel de funcionário da limpeza e deixar a entrada sozinha, por exemplo.
Ao colocar em prática um projeto de gestão de segurança, tenha em mente que o passo a passo deve combinar fatores que ajudam a conhecer melhor quem trabalha na propriedade por meio de práticas consistentes de segurança, embarcados por tecnologias de ponta. Como foi dito acima, não existe uma receita universal para barrar a violência rural, mas existem algumas diretrizes que devem nortear em nome de dias menos aflitos no campo.
*Ellen Pompeu é diretora executiva da ICTS Security, consultoria e gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense.