10/05/2021 - 16:35
A proteção financeira para empresas ligadas ao agronegócio é fundamental, dada a importância desta indústria para a economia brasileira. Um pequeno foco de incêndio pode, em algumas horas, acabar com meses de trabalho e investimento. Por isso, o risco sempre foi levado em conta na maioria das estratégias corporativas do setor. E na crise atual pela qual passamos já era de se esperar que essa atenção seria redobrada.
Dados do Ministério da Agricultura mostram que em 2020 o número de apólices de seguro rural cresceu 108%, ou seja, mais que dobrou no país em relação ao ano anterior. A área protegida passou de 6,7 para 13,7 milhões de hectares e os valores segurados cresceram 230%.
Um dos tipos de seguro rural que mais cresceram no período foi o seguro floresta, que garante indenização em caso de perdas em áreas utilizadas principalmente pela indústria madeireira. No último ano, houve um aumento de 20% na procura por esse tipo de produto que cobre não apenas incêndios, mas também outros fenômenos naturais como geada, seca, granizo, chuvas excessivas, ventos fortes e queda de raio.
Mas certamente o fogo é o principal causador de danos às florestas no Brasil. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Brasil fechou o ano de 2020 com o maior número de queimadas desde 2010. Neste tipo de incidente as perdas, na maioria das vezes, são inevitáveis e acabam atingindo não somente as empresas como seus investidores também.
Os gestores de fundos de investimentos florestais no Brasil hoje controlam cerca de 800 mil hectares em florestas plantadas nas regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste do país, o que equivale a um valor de mercado de R$ 16,2 bilhões, segundo a Consufor, empresa especializada em inteligência de mercado para o agronegócio. Os principais fatores que influenciam no valor do risco da área do seguro de florestas incluem a localização, estrutura da fazenda, além da forma de condução e implementação do plantio.
A indenização recebida por meio do seguro de florestas possibilita a realização de investimentos produtivos garantindo a geração de empregos em campo, a contratação de tecnologias cada vez mais eficientes como o sensoriamento remoto via satélite, além de ser um meio de diminuir a inadimplência do produtor com as instituições financeiras que concedem crédito rural.
Um bom gerenciamento de risco examinará o negócio de todos os ângulos para entender como as várias peças se conectam, os impactos potenciais dos eventos de perda e onde os prejuízos são mais prováveis de ocorrer. Também ajudará a compreender como as crises afetarão os resultados financeiros e a capacidade da empresa operar.
Ou seja, um plano de resiliência de negócios forte é essencial como estratégia para qualquer negócio rural, principalmente para os que possuem ativos florestais, pois reduz simultaneamente a probabilidade de interrupção de um negócio e apresenta alternativas para uma retomada ágil em caso de perda.
- Sylvain Taulere, gerente de agronegócios da Willis Towers Watson