Francisco Medeiros: para o presidente da Peixe BR, o negócio precisa ser protegido (Crédito:Divulgação)

A Fairfax Brasil realizou um feito inédito em julho. A empresa, que pertence ao grupo segurador canadense Fairfax Holding, do empresário indiano Prem Watsa, fechou a primeira apólice de seguro aquícola no Brasil. “O seguro vai proteger uma criação de tilápias no interior de São Paulo”, diz Fábio Damasceno, superintendente de agronegócio da Fairfax Brasil e membro da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais. “A cobertura vale por um ano.” A criação da modalidade seguro aquícola foi aprovada no ano passado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia responsável por esse segmento. Ela cobre ocorrências como morte de peixes por enfermidades, intempéries e falha de equipamentos. A empresa que está segurando sua produção fica no município de Santa Fé do Sul, à beira do rio Paraná, região que vem se tornando um dos principais pólos de criação de peixes em rede. No mercado, a Fairfax atua em seguro com garantia contratual ou financeira. No agronegócio, o destaque é o agrícola multirrisco, mas há produtos para bovinos, aves, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos. Em 2017, a seguradora emitiu R$ 471 milhões em prêmios.

O seguro aquícola chega em um bom momento da piscicultura. Segundo estimativas da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), o setor deve crescer 10% em 2018. No ano passado, a criação de peixes cultivados aumentou 8%. Saiu de 640,5 mil toneladas para 691,7 mil toneladas. No caso da tilápia, peixe exótico de origens na África e no Oriente Médio, o Brasil se tornou o quarto maior produtor global e ainda tem potencial para avançar. No ano passado foram processadas 358 mil toneladas, 51,7% da produção do País. Segundo Francisco Medeiros, presidente da PeixeBR, esses dados mostram a importância do seguro. Isso porque o setor convive com riscos, como a qualidade da água e os extremos do clima, que favorecem a proliferação de doenças. “A iniciativa atende a uma necessidade do setor”, afirma Medeiros. “Mas há um desafio, que é a falta de informações auditáveis sobre o gerenciamento da criação de peixes, e isso tende a ser um entrave no avanço do seguro.”

Em busca de um mercado mais regulado, a Susep tem feito modificações também em outros setores. No fim de junho, por exemplo, o órgão remodelou o seguro na área animal, criando dois formatos diferenciados. O primeiro é voltado para os animais de elite, gado ou equinos, domésticos ou para segurança. Esse segmento fica fora do seguro rural que conta com subvenção do governo. Já o seguro pecuário, segue atendendo animais de consumo, como bovinos de corte e de leite, e de produção, como os de sela, de tração e de manejo da fazenda. “O pecuário, que conta com a subvenção do seguro rural, tem subsídio ao produtor de até 45% do valor do prêmio”, afirma Damasceno. “É um ótimo benefício.” Dos R$ 384 milhões anunciados pelo governo, em 2017, R$ 1 milhão foi destinado ao seguro pecuário. Esse valor equivale a 34% do total emitido em seguro pecuário no ano passado. Para Damasceno ainda é pouco. Poderia ser de cerca de R$ 3 milhões para atender a demanda.