Na esteira do crescimento dos desembolsos de crédito rural no país, tem aumentando também a procura pelo seguro penhor rural.

O produto tem se mostrado importante para ter coberturas no caso de não conseguir quitar as dívidas com os bancos. Com a apólice, é possível assegurar o pagamento de empréstimos com garantia em produtos agropecuários, como colheitas, equipamentos e propriedades.

Caso o produtor tenha colocado um trator de sua propriedade como garantia em um empréstimo realizado e ele tenha sido roubado ou tenha quebrado por conta de ventos ou chuvas fortes, por exemplo, a instituição financeira vai ressarcir esse prejuízo. A contratação do serviço pode ser feita ao mesmo tempo do financiamento. 

De acordo com um levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), em conjunto com a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), o Seguro Penhor Rural faturou cerca de R$ 1,6 bilhão no primeiro semestre de 2024, aumento de 14,3% em relação ao mesmo período de 2023, e desembolsou R$ 477,6 milhões aos produtores, o que representa um crescimento anual de 8,4%.

“As instituições financeiras estão exigindo a contratação desse seguro como uma condição para a concessão de empréstimos, o que impulsiona ainda mais a demanda. As seguradoras têm melhorado suas ofertas e suprindo às necessidades dos agricultores, o que também contribui para esse crescimento”, afirmou Adriana Ferreira, cofundadora da Sonhagro.

Entre os bens que podem ser segurados estão: produtos agropecuários, máquinas e implementos agrícolas, veículos, exceto de passeio e ônibus, produtos estocados vinculados a operações de comercialização, inclusive empréstimo do Governo Federal (EGF) e benfeitorias no caso de imóveis hipotecados.

Tragédias ambientais tendem a fortalecer setor

A pesquisa da CNseg também lista os estados que mais arrecadaram com o Seguro Penhor. O Rio Grande do Sul, que passou por enchentes sem precedentes no mês de maio, lidera a lista com R$ 214,7 milhões. Em seguida, está Goiás, um dos principais centros de pecuária do país, com R$ 213,0 milhões. O Paraná vem em terceiro, com R$ 208,2 milhões, à frente de Mato Grosso, com R$ 185,5 milhões, e Minas Gerais, com R$ 165,4 milhões. Juntos, esses cinco estados representam 62% da arrecadação do Penhor Rural.

Ferreira afirma que com a iminência de mais eventos climáticos como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, esse mercado pode ficar ainda mais aquecido no futuro. 

“Com o aumento e intensidade dos eventos climáticos extremos, essa modalidade de seguro se torna cada vez mais relevante para os agricultores. Esses desastres, como por exemplos as enchentes no Rio Grande do Sul, trazem um impacto na produção agrícola e na saúde financeira dos produtores. O Seguro Penhor Rural atua, portanto, como uma rede de segurança, protegendo os bens utilizados como garantia, ajudando a mitigar os riscos financeiros ao produtor.

O que é coberto pelo seguro

Segundo o site do Banco do Brasil, as seguintes situações são cobertas: 

  • Ventos fortes.
  • Impacto de veículos de qualquer espécie.
  • Tremores de terra.
  • Chuva excessiva.
  • Desmoronamento total ou parcial de construção.
  • Granizo.
  • Inundação resultante do aumento do volume de águas de rios e de canais alimentados naturalmente por esses rios.
  • Colisão, abalroamento, capotagem ou quedas acidentais, qualquer que seja a causa.
  • Roubo ou furto (no caso de veículos, máquinas e implementos, a cobertura é apenas para perda total).
  • Danos causados ao bem segurado em razão de acidentes com o veículo transportador.*
  • Quebra de qualidade, quebra técnica e desvio, nos casos de produtos estocados, vinculados a operações de comercialização, inclusive EGF, desde que os produtos estejam estocados em armazéns da rede conveniada BB e as operações tenham vigência máxima de 6 meses.

São também indenizáveis, até o limite da importância segurada:

  • Danos materiais e despesas decorrentes de providências tomadas para prevenir ou minorar prejuízos resultantes de sinistro nos casos de veículos, máquinas e implementos.
  • Despesas para proteger o bem segurado e transportá-lo para o local onde será reparado.
  • Despesas com buscas efetuadas para a localização e recuperação do bem segurado. Neste caso é necessária a autorização prévia da seguradora.
  • No caso de operações de comercialização com produtos agropecuários estocados, inclusive EGF, a indenização corresponderá ao custo de reposição dos bens segurados, acrescido dos encargos financeiros e das demais despesas relativas à operação de empréstimo ocorridas durante seu período de vigência, até a data do sinistro.