03/01/2013 - 17:46
A liderança da raça nelore impulsiona os grandes leilões e os negócios de gado no País. Em 2012, os criadores comemoraram, mais uma vez, a Expoinel, em Uberaba (MG), como a maior feira de uma raça no País, com mais de mil animais. Neste mês, para mostrar como a entidade tem se posicionado no mercado, acontece em São Paulo a Nelore Fest. O presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), Pedro Gustavo Novis, fala do trabalho da entidade focado no consumidor de genética e no produtor de bezerro e de boi gordo.
Como o sr. avalia os leilões de nelore em 2012?
O balanço do ano é positivo, em especial pela alta qualidade genética do material. Mas houve uma oferta maior de animais, que acabou por definir o patamar de preços durante todo o ano. Esse é um aspecto ao qual devemos estar atentos. Em momentos de maior oferta, a qualidade, sobretudo, tende a ser o referencial para a determinação da liquidez e a valorização de um produto.
Como foram os leilões oficiais da ACNB?
Entre janeiro e novembro foram oficializados 95 leilões que movimentaram cerca de R$ 130 milhões. A adesão e utilização por parte dos criadores da chancela “Leilão Oficial Nelore” se mantiveram crescentes. As parcerias firmadas pela ACNB, inicialmente com o Canal Rural – e posteriormente com o Canal do Boi e Canal Terra Viva – , para oferecer descontos na transmissão dos leilões, ampliaram os benefícios aos promotores. Além disso, em 2012 tivemos os primeiros leilões de animais comerciais oficializados. Esta é uma iniciativa que pretendemos aperfeiçoar e ampliar em 2013.
A associação cresceu?
Nos últimos 12 meses, conquistamos mais de 400 novos sócios, um incremento de quase 30%. O crescimento tem ocorrido, principalmente, em função de uma maior aproximação da associação com os criadores, os recriadores e invernistas de animais comerciais, através de iniciativas como o Programa de Qualidade Nelore Natural, o Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças e a Universidade do Boi e da Carne. Essas ações complementam o trabalho voltado aos selecionadores de genética.
Como tem sido o investimento dos criadores em genética?
Nos últimos dez anos, a evolução genética do rebanho nacional foi enorme. Isso ocorreu pela disposição, interesse e investimento dos criadores. Com o apoio dos jurados, técnicos e cientistas, a seleção genética tem caminhado a passos largos. O desafio ainda é disseminarmos, mais rapidamente, essa qualidade genética até a base da pirâmide produtiva.
O pecuarista tem tecnificado a sua produção?
De modo geral, o pecuarista brasileiro vem investindo em tecnificação. A prova é o ganho de produtividade nos últimos anos. A produção continua aumentando, enquanto a área destinada às pastagens tem se reduzido, cedendo espaço para o aumento da produção agrícola. Ainda é preciso intensificar essa tecnificação, replicando casos de sucesso. Mas a velocidade dessa expansão depende da facilidade de acesso ao crédito e do apoio do governo e da sociedade aos produtores.
Como foi o circuito de exposições da raça?
O calendário de exposições oficiais do ranking nacional 2011/2012 contabilizou 158 exposições, nas quais participaram 2,8 mil expositores e 23,1 mil animais expostos. A Expoinel 2012, por exemplo, contou com mais de mil animais, consolidando-se como a maior exposição da raça no Brasil e no mundo. Em 19 anos já passaram pelas disputadas pistas de julgamentos oficiais desse ranking mais de 430 mil animais.
Quais são as expectativas para 2013?
Os criadores devem estar atentos à economia nacional e mundial e à gestão dos custos de produção no campo. Mas a agropecuária brasileira continua se posicionando como uma das grandes fábricas de alimentos para o mundo. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) aponta que nas próximas décadas o País será uma das nações responsáveis por atender à crescente demanda global por alimentos, principalmente o complexo das carnes.