05/01/2017 - 13:43
O Japão é o terceiro país de maior relação comercial com o Brasil, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Nos últimos dez anos, as vendas de produtos agrícolas brasileiros para o país asiático quase dobraram: passaram de 2,3 milhões de toneladas para 5,2 milhões. A relação entre as duas nações é antiga. Não por acaso, o Brasil é o que possui o maior contingente de imigrantes japoneses do mundo. Mas, da Terra do Sol Nascente, também vieram os investimentos. É o caso da Ihara, indústria brasileira de agroquímicos, mas de capital japonês, que se instalou no País há 51 anos no bairro do Jaguaré, em São Paulo. A empresa começou vendendo defensivos para a colônia japonesa que passava a se dedicar ao agronegócio no Brasil. “Naquela época, o nosso portfólio era voltado para o arroz e hortaliças, os principais cultivos para os imigrantes japoneses”, diz Julio Borges Garcia, presidente da Ihara. “Hoje, estamos presentes em todo o Brasil e com soluções para grande parte das culturas.”
Sediada no município de Sorocaba, a 100 quilômetros da capital paulista, onde é dona de uma área de 230 hectares, dos quais 5,3 hectares são de área industrial, a Ihara registrou uma receita de R$ 1,2 bilhão no ano passado. Além da indústria, a empresa possui oito campos experimentais para testes. Atualmente, o portfólio é de 58 produtos, entre herbicidas, inseticidas, fungicidas e reguladores de crescimento, para 80 diferentes culturas. “Nós nos tornamos uma empresa de referência em produtos de qualidade ao produtor brasileiro”, diz Garcia. “E queremos estar cada vez mais presentes em todo o País.” A Ihara é a grande campeã na categoria Agronegócio Indireto – Grandes Empresas, no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2016. É também destaque na Melhor Gestão Financeira da categoria.
No ano passado, além da receita ter crescido 9,1% ante 2014, ano em que o valor registrado foi de R$ 1,1 bilhão, o grande feito de 2015 foi ter diminuído drasticamente o seu endividamento gerado pelo plano de investimentos da empresa e auxílio aos produtores para o financiamento da safra. “O setor de defensivos como um todo socorreu o produtor quando houve falta de recursos federais, no ano passado”, diz Garcia. “Isso não foi diferente para nós”. A solução veio de seus controladores: com um aporte de capital de US$ 100 milhões, feito em outubro do ano passado, a Ihara liquidou 90% dos US$ 80 milhões em dívidas com bancos nacionais e internacionais, dando mais fôlego à ela. “Foi um plano que começou a ser traçado dois anos antes e que, de fato, renderia mais para a empresa”, afirma Garcia. Entre os acionistas da Ihara estão Nipon Soda, Kumiai Chemical, Sumitomo Corporation, Mitsui Chemicals, Sumitomo Chemical, Mitsubishi Corporation e Nissan Chemical, que também são as responsáveis pela pesquisa e desenvolvimento de produtos. Juntas, elas faturam no mundo cerca de US$ 200 bilhões. “Trata-se de um forte grupo de empresas desenvolvedores de moléculas”, diz Garcia. “E isso nos dá bastante segurança no mercado de agroquímicos.”
Com isso, a Ihara não deixou o plano de investimentos para trás, que já estava de pé desde 2010. No ano passado, a empresa investiu US$ 25 milhões em melhorias de infraestrutura na área industrial. A capacidade produtiva, para a fabricação de fungicidas e inseticidas, foi elevada para 146 mil toneladas por ano, um crescimento de 18% ante 2014.
O mesmo caminho percorrido pela Ihara também foi trilhado pela Celulose Nipo-Brasileira S/A (Cenibra), fundada há 43 anos, que gerencia 125,2 mil hectares de florestas plantadas. “A nossa busca é contínua por maior produtividade”, diz Naohiro Doi, presidente da Cenibra. “Isso fez com que a empresa obtivesse a melhoria em seus índices.” A Cenibra é a campeã no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL, com a Melhor Gestão Corporativa na categoria Agronegócio Indireto – Grandes Empresas.
A Cenibra também surgiu da união de grandes acionistas. Com sede em Belo Horizonte e uma fábrica em Belo Oriente, também em Minas Gerais, a empresa foi o resultado da junção de forças entre a Companhia Vale do Rio Doce e a Japan Brazil Paper and Pulp Resources Development (JBP). Desde setembro de 2001, a Cenibra é controlada somente pela JBP, pertencente à Oji Holdings Corporation, um grupo que faturou cerca de US$ 13 bilhões no ano passado.
Foi justamente o poder da equipe de 7,7 mil funcionários da Cenibra que fez a diferença, num dos anos mais desafiadores para a companhia. A empresa foi uma das afetadas por um dos piores desastres ambientais do País, o rompimento, no dia 5 de novembro de 2015 da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, que pertence à sua antiga acionista, a Vale. “Esse fato levou a empresa a interromper a captação de água e a suspender a produção”, diz Doi. Foram 22 dias de atividades paralisadas, o que afetou todo o processo de produção de celulose. A queda na produção no ano passado foi de 8,9%, totalizando 1,1 milhão de toneladas. “Mesmo assim, encerramos o ano com resultados econômicos e financeiros positivos”. O faturamento da empresa cresceu 32,6%, saindo de R$ 1,6 bilhão para R$ 2,1 bilhões.
Além desse resultado ser impulsionado pelo aumento nos preços médios de vendas em dólar, diante da valorização da moeda americana perante o real, o presidente da Cenibra também credita esse sucesso ao esforço de sua equipe. “Foi pela capacidade técnica de todos os funcionários que contornamos as adversidades”, afirma Doi. De acordo com o executivo, esse resultado é reflexo do foco rigoroso no desenvolvimento profissional da equipe, através de diversos programas, entre eles o de Gestão Estratégica de Pessoas, de Desenvolvimento Gerencial, de Gestão por Competência e de Liderança Baseada em Valor.
“Acreditamos que a força de talentos é fundamental na evolução dos negócios e, por isso, queremos que cada vez mais as pessoas se sintam bem em trabalhar e tenham oportunidades de evolução”, diz Doi. Em 2015 foram 206,2 mil horas de cursos, com uma média de 47 horas por funcionário. Por exemplo, em treinamentos na área de operação de máquinas na indústria e de segurança no trabalho. Além disso, a empresa também prioriza a transparência nas relações de trabalho com foco em ética, integridade e combate à corrupção. “Foi destaque no ano também a implantação do treinamento de compliance, que teve como objetivo a divulgação e conscientização da equipe sobre o tema”, diz Doi. Na tradução do inglês, compliance significa agir conforme as regras. Mas não é somente isso.Quando a empresa vai bem, a equipe toda sai no lucro. A Cenibra garante benefícios adicionais, através de seu programa de Parti-cipação de Lucros e Resultados. No ano passado foram R$ 68,2 milhões distribuídos entre seus profissionais, 16% a mais ante os R$ 58,8 milhões de 2014.