– Os sheik’s do leite

A maré positiva no mundo do leite não tem data para acabar. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez, os bons preços devem se manter estáveis pelos próximos três anos. Isso porque os estoques mundiais do produto em pó praticamente acabaram. Problemas com secas em países como Austrália e Argentina, fortalecem a posição do Brasil como possível exportador, mantendo o mercado interno mais enxuto. Quem compartilha dessa opinião é o vice-presidente da Itambé, Jacques Gontijo. A empresa é a maior exportadora de leite no País. Com um faturamento que deve chegar a R$ 1,8 bilhão em 2007, ante R$ 1,1 bilhão do ano passado, as exportações serão alçadas de 14% para 30% do total captado pela Itambé no próximo ano. Na opinião de Gontijo, no entanto, o principal fator para a formação de um novo patamar de preços, mesmo na época de safra, se deve à pouca oferta de países cuja produção de leite era subsidiada por governos e exportada de maneira irregular. “Isso aconteceu durante muitos anos, principalmente no leite oriundo da Europa”, revela. Para a analista de mercados Cristiane de Paula Turco, da Scot Consultoria, parte do aumento pago aos produtores foi absorvida pelo varejo, que mantinha margens de lucro extremamente altas. Mas aos poucos o caminho começa a ser invertido e a tendência é que os supermercados pressionem para que os preços não subam mais ou até cedam um pouco. O ponto de equilíbrio desse mercado, na opinião da especialista, ainda é incerto. Mas é possível prever, segundo ela, que os patamares de um ano atrás dificilmente voltarão a ser praticados.