18/06/2020 - 14:08
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) encaminhou, nesta quinta-feira, 18, um ofício endereçado ao Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, solicitando a apuração de potencial infração ética e a responsabilização do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, por ter ocultado informações sobre o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz.
Como o Estadão divulgou mais cedo, Wassef afirmou, em ao menos duas ocasiões no ano passado, desconhecer o paradeiro de Queiroz, que foi preso nesta quinta em um imóvel do advogado em Atibaia, no interior de São Paulo. Segundo o delegado da Polícia Civil Osvaldo Nico Gonçalves, o ex-funcionário do gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) morava na casa havia um ano. Wassef é advogado do filho do presidente no caso das ‘rachadinhas’, que levou à prisão que Queiroz, o que levanta a suspeita sobre uma possível troca de informações entre investigados – que poderia configurar tentativa de obstrução de Justiça.
“O Estatuto da Advocacia e da OAB, Lei n. 8.906/94, dispõe ser dever do advogado proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia (art. 31). O código de Ética diz ainda que o advogado deve abster-se de ’emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana’. Ao mentir publicamente sobre o paradeiro de Queiroz, Wassef desonra nossa categoria”, escreveu Contarato no documento.
O senador afirma ainda que os fatos narrados, ainda que potencialmente, ‘ferem a dignidade e a moralidade da profissão de maneira pública, uma vez que associam o exercício da advocacia ao encobrimento de manobras espúrias’.
‘Rachadinha’
Queiroz é investigado em um suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio e por lavagem de dinheiro em transações imobiliárias com valores de compra e venda fraudados.
Em dezembro de 2018, o Estadão revelou que ele foi citado em um relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) por movimentar R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira ‘atípica’, o que arrastou o gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro para o centro de uma investigação do Ministério Público Estadual.
Promotores apontam indícios de que uma organização criminosa foi montada no gabinete de Flávio, o 01 do presidente, para desviar dinheiro dos salários dos funcionários, a chamada ‘rachadinha’. O dinheiro teria sido lavado por meio da compra e da venda de ao menos 19 imóveis no Rio.
Em abril de 2019, a Justiça do Rio de Janeiro determinou a quebra do seu sigilo fiscal e bancário, do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e de outras 84 pessoas e 9 empresas entre 2007 e 2018.
COM A PALAVRA, FREDERICK WASSEF
Até a publicação desta matéria, a reportagem não obteve contato com o advogado Frederick Wassef que, até o momento, não atendeu às ligações. O espaço permanece aberto a manifestações.