A demanda doméstica puxou para cima o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, enquanto o setor externo contribuiu negativamente para o resultado final, segundo os dados das Contas Nacionais apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com uma alta mais acentuada nas importações do que nas exportações, o setor externo deu uma contribuição negativa de 1,0 ponto porcentual para o avanço de 4,6% no PIB 2021, enquanto a demanda doméstica impulsionou a taxa em 5,6 pontos porcentuais.

“O próprio crescimento da economia puxou bastante para cima as importações em 2021”, observou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Os investimentos (medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo) contribuíram com 2,9 pontos porcentuais para o PIB de 2021. O consumo das famílias contribuiu com 2,3 pontos porcentuais, e o consumo do governo acrescentou 0,4 ponto porcentual.

Na FBCF, a construção cresceu 12,8% em 2021, enquanto o componente de máquinas e equipamentos avançou 23,6%, e os outros ativos tiveram expansão de 11,2%. Com o resultado, a FBCF ficou 16,9% acima do nível do quarto trimestre de 2019, no pré-pandemia.

Ucrânia

A guerra na Ucrânia ainda é “muito recente” para estimar quais poderão ser os efeitos do conflito sobre a economia brasileira, afirmou Rebeca Palis. “O conflito está muito recente até para saber qual o efeito na economia brasileira. Depende de quanto tempo o conflito vai durar”, disse, durante entrevista coletiva para comentar os dados do PIB, após ser questionada sobre a possibilidade de novas rodadas de aumento da inflação, em decorrência da invasão da Ucrânia pela Rússia, minarem o consumo das famílias em 2022.

Eleições

Questionada sobre os efeitos das eleições gerais de outubro sobre a atividade econômica, ela disse apenas que 2022 será um ano “complexo”.

“É um ano difícil, até para os economistas fazerem alguma previsão (sobre a economia). É um ano complicado”, disse a pesquisadora do IBGE, ressaltando apenas que as regras eleitorais tendem a levar a um aumento dos gastos públicos no início de cada ano de eleição.