15/09/2020 - 15:18
Apesar da sinalização do governo de que o marco do saneamento será um divisor de águas no setor rumo à universalização do serviço no Brasil, o diretor-presidente da Sabesp, Benedito Braga, destacou que o poder público ainda tem um dever de casa a ser cumprido: investir. “O governo não pode pensar que o setor privado vai resolver tudo sozinho. Tem de ter dinheiro público. O governo não pode achar que vai passar o saneamento para o setor privado e tudo estará resolvido. De forma alguma isso vai ser assim”, disse.
O executivo participou, nesta terça-feira, 15, do “Lide Live Europe”, evento promovido pelos grupos Lide do Reino Unido e da Alemanha. A conferência abordou a nova lei brasileira de saneamento e as oportunidades para as empresas europeias.
“A nossa companhia é muito eficiente. Oferecemos hoje o melhor serviço (no País). É possível que uma empresa bem administrada consiga oferecer soluções, mas o governo federal precisa entrar com dinheiro público também”, acrescentou o executivo. A estimativa do governo é trazer cerca de R$ 700 bilhões em investimentos no setor de saneamento até 2033, quando se encerra a meta de universalizar o serviço de água e esgoto no Brasil.
Durante o evento, Braga reafirmou que muitas empresas privadas estão buscando a Sabesp para formar parcerias e disputar projetos. “No Mato Grosso do Sul há uma PPP que estamos considerando”, disse, em referência à parceria público-privada de esgotamento sanitário da Sanesul, que engloba 68 municípios. O leilão será no dia 23 de setembro, na B3.
Meio ambiente
O evento, focado nos investidores europeus, não poderia deixar de fora temas ambientais, um dos assuntos mais delicados para o Brasil hoje em dia. Os mediadores e convidados destacaram a imagem negativa que o País começou a ter lá fora, especialmente com as queimadas e desmatamento na Amazônia. Eles lembraram que o Brasil, rico em energia renovável, estaria pecando ao não conseguir se promover da forma correta no exterior.
Braga fez uma provocação sobre o tema. “A Mata Atlântica no Estado de São Paulo está crescendo, na direção oposta do que está acontecendo na Amazônia. É muito uma questão de se comunicar corretamente. A nossa vantagem aqui no Estado de São Paulo é que o governo é excelente na sua comunicação”, disse.