São Paulo, 17 – O Estado de Santa Catarina, principal produtor de maçãs do País, com 48% da área plantada, solicitou ao Ministério da Agricultura a retirada da fruta da pauta de negociações do governo brasileiro com a China. No fim de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai viajar ao gigante asiático, levando diversas demandas do agronegócio.

Só que, no caso da maçã, segundo nota da Secretaria de Agricultura catarinense, um eventual acordo de importação da fruta chinesa poderia “inviabilizar a produção de maçãs em Santa Catarina”, além de trazer “altíssimos riscos sanitários” para os pomares do Estado do Sul.

“A abertura do mercado brasileiro para a maçã chinesa representa altíssimo risco socioeconômico aos nossos produtores, além de riscos fitossanitários à cultura da macieira”, confirmou a pasta.

Em relação à questão fitossanitária, a secretaria catarinense alerta que há mais de 40 doenças da maçã que não existem no Brasil e que “poderiam chegar com a importação”. Uma delas é a traça-da-maçã (Cydia pomonella), que foi erradicada há dez anos dos pomares de Santa Catarina, garantindo ao Estado o status de única região do mundo a erradicar a praga.

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Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), na mesma nota, a C. Pomonella é considerada “o pior inseto praga da fruticultura no mundo e mantê-la fora de Santa Catarina exige um trabalho contínuo do Ministério da Agricultura, da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e dos produtores rurais”.

Após Santa Catarina ter erradicado o inseto, conquistou a abertura de vários mercados, “pois a qualidade geral dos frutos é preservada, uma vez que não é necessário o uso de inseticidas para o controle da doença nos pomares”. “O ingresso de pragas e doenças ausentes em nossos pomares, bem como a depreciação de preços, pode significar a inviabilização do setor e o desemprego de milhares de agricultores”, reforça a ABPM.

Na safra 2021/22, Santa Catarina produziu 572 mil toneladas de maçã, a partir de 3 mil pomares. No valor bruto da produção de frutas no Estado, a maçã contribui com 50%, ou o equivalente a R$ 570 milhões por ano. “Se contabilizadas as cadeiras secundárias, como os serviços de armazenagem, distribuição e comercialização nos mercados e feiras, a contribuição da cadeia sobe para mais de R$ 2,5 bilhões anuais na economia catarinense”, diz a secretaria. “Em termos de exportação, em 2022, Santa Catarina participou com 15,8% (5,8 mil toneladas) do volume brasileiro e com 14,5% do valor negociado (US$ 3,5 milhões).