Brasília, 31 – O setor produtivo estima que a produção brasileira de soja alcance 141 milhões de toneladas na safra 2023/24, abaixo das estimativas oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e de consultorias privadas. A quebra na safra varia de 8% a 23% conforme o Estado.

A irregularidade das chuvas é um fator relatado por todos os Estados, com déficit hídrico no Centro-oeste e no Norte do País e excesso de chuvas na Região Sul. Os números foram apresentados por representantes do setor de cada Estado durante reunião extraordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Soja e da Câmara do Milho do Ministério da Agricultura, realizada nesta terça-feira, 30, para atualização das perdas na safra. “Vemos manutenção dos números em alguns Estados e aumento da quebra em outros. A situação indica piora”, disse o presidente da Câmara, André Dobashi.

Mato Grosso, principal Estado produtor de grãos, deve colher 39 milhões de toneladas de soja em 2023/24, 7,41% menos que na temporada passada, segundo estimativa apresentada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato) e pela Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-MT). O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) está realizando uma nova pesquisa no campo. Mato Grosso do Sul manteve a previsão de colheita de 13,3 milhões de toneladas, volume 17% inferior ao da temporada passada.

Já em Goiás, a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado elevou sua projeção de quebra de 10% a 15% para perdas entre 18% e 23%, estimando a safra em 14,5 milhões de toneladas, ante 17 milhões de toneladas previstos há um mês, segundo Leonardo Machado, da Faeg.

No Sul, o Rio Grande do Sul, onde a colheita ainda é incipiente, e o Paraná mantiveram as previsões de safra estimadas na reunião anterior da câmara, em 22 milhões e 18,2 milhões de toneladas, respectivamente. “Vemos queda de 20% na safra. Nos Campos Gerais, onde a produção poderia arrefecer as perdas do Estado, agora vemos déficit hídrico”, afirmou o representante da Aprosoja-PR Mateus Moreira. Em Santa Catarina, o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, reduziu a projeção de safra do Estado de 2,5 milhões de toneladas para 2,4 milhões de toneladas, ante 3 milhões de toneladas da temporada passada, queda de 20% entre as safras.

Em São Paulo, a estimativa de produção foi mantida em 3,85 milhões de toneladas, 1 milhão de toneladas abaixo do ciclo passado, em 1,2 milhão de hectares, com rendimento de 54 sacas por hectare.

Na Bahia, a Associação de Agricultores e Irrigantes do Estado (Aiba) prevê produção de 7,3 milhões de toneladas, com queda de 9% a 10% no rendimento ante a temporada passada. A produtividade deve ficar em 61 sacas por hectare em área plantada de 2 milhões de hectares. “Vemos quebra de produtividade, mas com o aumento da área ainda mantemos a produção acima de 7 milhões de toneladas. O potencial de quebra deve-se ao atraso no plantio e ao replantio de áreas. Agora temos preocupação com doenças fúngicas em virtude das chuvas”, afirmou o diretor-executivo da Aiba, Alan Malinski.

As entidades estaduais vêm realizando levantamentos próprios de safra a fim de atuar junto ao governo no pedido por medidas emergenciais de socorro aos produtores afetados pela quebra da safra.