13/08/2020 - 11:37
O Ibovespa chegou a dar um salto de pouco mais de 1.100 pontos, ao compararmos a mínima (102.118,28 pontos) e a máxima de 103.236,93 pontos, em pouco minutos após a abertura do pregão, depois de sinais positivos relacionados ao fiscal. Na quarta à tarde, juntamente com ministros, presidentes da Câmara e do Senado, o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu com o teto de gastos e indicou que o governo vai buscar novas frentes para “destravar” a economia e que os Poderes se guiarão juntos na busca de soluções.
“Leio como um sinal positivo esse alinhamento entre Congresso e Governo. Mesmo com os problemas que possam estar ocorrendo, o alinhamento continua centrado em responsabilidade fiscal e reformas”, afirma Carlos Lopes, economista do BV.
Às 11h20, o Ibovespa subia 0,68%, aos 102.813,07 pontos.
Novos sinais de reação do mercado de trabalho americano também impulsionam o Ibovespa, à medida que sugere reação da maior economia do globo. Os novos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA tiveram redução de 228 mil na semana encerrada em 8 de agosto, para 963 mil. O número ficou abaixo do esperado, de 1,1 milhão de solicitações. Foi a primeira vez desde março, quando os efeitos econômicos do coronavírus começavam a surgir, que ficou abaixo da marca de 1 milhão.
“Por mais que tenha preocupação em relação a uma nova onda de covid-19 em alguns estados, como no Texas e na California, tem ocorrido retomada, e a tendência é melhorar”, avalia Bruno Takeo, gestor de ações da Ouro Preto Investimentos
Em relação ao burburinho fiscal no Brasil, que ontem incomodou o mercado local, o gestor da Ouro Preto afirma que é preciso acompanhar os desdobramentos, depois do comprometimento do presidente com as contas públicas. “Querendo, ou não, o Guedes ministro Paulo Guedes da Economia não está mais tão fortalecido e também temos de acompanhar as ações do governo depois disso, pois sabemos que o presidente é meio volátil em suas decisões”, afirma.
Depois do incômodo provocado após as saídas de dois secretários do Ministério da Economia, ontem à tarde o presidente Jair Bolsonaro tentou acalmar o mercado. Bolsonaro fez um rápido pronunciamento, se comprometendo com o ajuste fiscal, mas sem muitos detalhes. A dúvida é se isso será suficiente para acalmar o investidor local e reconquistar o estrangeiro.
Junto com ministros da equipe e conselheiros disse que sua gestão respeitará o teto de gastos e que tem compromisso com a responsabilidade fiscal. Afirmou que o governo vai buscar novas frentes para “destravar” a economia e que os Poderes se guiarão juntos na busca de soluções.
“Pode até fazer esse comprometimento com o fiscal, mas logo tem eleição, e coloca tudo isso por água abaixo”, completa uma fonte.
No entanto, para Scott Hodgson, sócio da Galapagos, essa questão fiscal tem gerado incômodo em várias partes do globo, e não só no Brasil. “O mundo inteiro tem essa pressão fiscal, principalmente agora por causa dos gastos com a pandemia de covid-19. A verdade é que os mercados têm se apoiado na liquidez, nos estímulos. Então, por ora, o quadro continua favorável”, diz.
A despeito da cautela com o fiscal, a atividade doméstica tem mostrado reação. Em junho, o volume de serviços prestados no Brasil subiu 5,0% ante maio, conforme a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês anterior, o resultado do indicador foi revisto de uma queda de 0,9% para recuo de 0,5%.
O dado de junho veio melhor que a mediana de 4,35% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast. O intervalo ia de 2,34% e 15,90%. “Isso pode dar uma força para o Ibovespa, mas além dessa questão fiscal, de saber se o mercado vai gostar do que o Bolsonaro disse ontem, há o impasse em relação ao pacote fiscal dos EUA”, lembra Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença.
Além do indicador de serviços, alguns balanços do segundo trimestre informados hoje reforçam que o setor está se recuperando, diz Takeo, da Ouro Preto. Ele cita como exemplo Marfrig e Via Varejo. A primeira teve lucro líquido de R$ 1,59 bilhão, alta de 1.743%, enquanto o da varejista atingiu R$ 65 milhões, após prejuízo de R$ 162 milhões no segundo trimestre de 2019. “Isso está puxando as ações de Magazine Luíza 2,06%, bem como as de Via Varejo 5,89%”, diz. Já Marfrig subia 2,58%.
Em tempo: Stone, empresa de meio de pagamentos, faz oferta de ações para captar até US$ 1,15 bilhão no mercado americano, onde suas ações são negociadas.