O Sindicato de Atletas de São Paulo (Sapesp) entrou na Justiça pedindo a nulidade da medida que muda de 66 para 48 horas o intervalo mínimo entre jogos do Campeonato Brasileiro da Série A deste ano, em caráter excepcional, devido ao impacto da pandemia do novo coronavírus (covid-19) no calendário. O acordo foi anunciado no último dia 7 de agosto e aditado entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf).

A ação foi impetrada na última segunda-feira (10), no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, de Campinas (SP), onde o acordo foi homologado. Segundo nota conjunta assinada por CBF e Fenapaf, a medida teve anuência do Ministério Público do Trabalho.

“Fizeram o aditamento sem chamar São Paulo. Estamos pedindo a nulidade do procedimento porque não concordamos com as 48 horas. A nossa tese é que o clube pode jogar todos os dias da semana, desde que o atleta tenha o intervalo [entre partidas] observado e respeitado para ele poder se recuperar e não correr riscos de lesão”, explica o presidente do Sapesp, Rinaldo Martorelli, à Agência Brasil.

Já o presidente da Fenapaf, Felipe Augusto Leite, garante que os jogadores dos clubes paulistas “e de todo o Brasil, que disputam a Série A” foram consultados previamente. “Todos, sem exceção, através dos respectivos capitães. A Fenapaf é a entidade nacional sindical e fala por todos os atletas do Brasil, o sindicato [paulista] querendo ou não”, afirma à Agência Brasil.

As duas entidades sindicais são rachadas. No ofício enviado à CBF na terça-feira (11), em que pede mudanças no protocolo sanitário do Brasileirão, por exemplo, o Sapesp diz que “não compõe a base da Federação Nacional de Atletas Profissionais de Futebol”.

Com restrições

O acordo aditado prevê que a redução do intervalo mínimo de 48 horas entre os jogos se aplique em somente quatro partidas por equipe, que não podem ser consecutivas, respeitando um período de, pelo menos, 15 dias entre elas. A princípio, a medida é válida somente para a Série A.

“Foi criada uma comissão de acompanhamento com membros da Fenapaf, da CBF e um médico eleito pelas duas instituições, respeitando o direito individual de o atleta não disputar uma partida em intervalo reduzido, se ele entender que não é pertinente, sem que incorra em justa causa. As medidas foram tomadas, prioritariamente, ouvindo os atletas, que entendiam ser possível mais uma cota de sacrifício, que não acarretaria em danos e perigo à saúde. Isso é fundamental que fique esclarecido”, explica Leite.

Segundo o presidente da Fenapaf, a ideia é reorganizar o calendário até 2021 e garantir as férias coletivas ao final do próximo ano e um período para descanso aos atletas no fim deste. “Inclusive, já foi mudado no calendário, a 28ª rodada foi adiada para os dias 6 e 7 de janeiro, não será mais no dia 3 [de janeiro]”, afirma.

A previsão era que o Brasileirão começassem em maio e terminasse em dezembro, mas a pandemia do novo coronavírus postergou o pontapé inicial da competição para agosto. A CBF determinou que a Série A de 2020 será concluída em 24 de fevereiro do próximo ano.

Sindicatos divergem sobre redução no intervalo mínimo entre partidas