13/01/2022 - 10:00
São Paulo, 13 – As perdas verificadas em lavouras no oeste do Paraná por uma comitiva do Ministério da Agricultura atingem, na maioria dos casos, mais de 70% das plantações, disse o diretor de Gestão de Risco da Secretaria de Política Agrícola da pasta, Pedro Loyola, que integra o grupo. “Aqui na região oeste a situação está devastadora. Fomos a campo em propriedades, cooperativas, em Palotina, Marechal Cândido Rondon, Toledo, Cascavel, Medianeira, e realmente toda essa região está com perdas, geralmente acima de 70%. Tem produtor que perdeu tudo, outros que perderam de 70% a 80% (da produção estimada)”, revelou Loyola à reportagem, citando que algumas propriedades registram de 40 a 50 dias de seca.
“A situação está complicada também na região noroeste do Paraná, que pega Campo Mourão e Maringá. Quanto mais perto da fronteira de Foz do Iguaçu, maior a perda”, disse o diretor da pasta. No noroeste paranaense, as perdas abrangem de 60% a 65% das lavouras, segundo ele. Há preocupação, ainda, de importantes cadeias produtivas que atuam no Paraná e dependem dos grãos para alimentação animal, como pecuária leiteira e de corte, suinocultura, avicultura, que já manifestam preocupação com mais aumento dos custos de produção – condição vivida em 2021 em razão da quebra da safrinha.
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“Há poucas regiões no Paraná que quase não tiveram problema, e a situação pode se agravar com a continuidade da seca”, relatou. Loyola comentou, ainda, que os grãos que têm sido colhidos, principalmente na região oeste, estão com impurezas, problemas de qualidade, pequenos, “o que deve trazer uma grande dificuldade” para os produtores.
A missão técnica formada por integrantes do Ministério e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) começou na segunda-feira (10) partindo de Curitiba e deve percorrer cerca de 2 mil quilômetros e 12 municípios até sexta-feira, dia 14. Até agora, já passou por Guarapuava, Pitanga, Campo Mourão, Maringá, Umuarama, além dos municípios citados do oeste paranaense. Nesta quinta (13) pela manhã, a equipe deve visitar, junto com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a região de Cascavel, segundo Loyola, e depois seguirá para Pato Branco – à tarde, a ministra irá a Mato Grosso do Sul.
Próximos passos
O diretor comentou que o Ministério da Agricultura já fez reuniões com o Ministério da Economia e o Banco Central sobre a situação das lavouras com perdas no País, bem como instituições financeiras e seguradoras solicitando agilidade nas avaliações dos sinistros em campo. “Pedimos uma força tarefa para que seguradoras consigam atender os pedidos de avaliação de perdas a tempo, para liberar a área e o produtor poder, por exemplo, plantar o milho safrinha”, destacou. A pasta vem orientando secretarias de Agricultura dos municípios afetados a decretarem situação de emergência, para que possam, futuramente, ser contemplados por medidas de socorro do governo.
Loyola informou que o acionamento do seguro rural e do Proagro (programa se seguro para pequenos e médios produtores) está “muito alto”. Em uma cooperativa paranaense, até 2 de janeiro, produtores tinham acionado cerca de 30% das cerca de 6 mil apólices realizadas. Agora já passou de 50% dos contratos”, informou, lembrando que produtores familiares que tenham tomado recursos do Pronaf têm cobertura de 100% das perdas com o Proagro Mais.
Ele lembrou que produtores com parcelas de custeio ou investimento vencendo e que não contam com seguro rural ou Proagro podem solicitar prorrogação do pagamento aos agentes financeiros, apresentando laudo técnico com seus custos de produção, volume colhido, receita, perdas e outros dados.
O governo terá de fazer um balanço de qual é a parcela de produtores com perdas que terão cobertura de seguros para seus prejuízos, incluindo os que recorrem ao Proagro e ao seguro rural convencional, em que a cobertura é parcial, além dos produtores que não contrataram seguro nesta safra. Novas reuniões do Ministério da Agricultura, envolvendo os governos estaduais, deverão se realizadas após a conclusão da missão no Paraná e das visitas da ministra a regiões afetadas – na sexta pela manhã ela estará em Cascavel (PR) -, para definir o que poderá ser feito em âmbito federal, de acordo com Loyola.
“É uma situação complexa, envolverá conversas com outros ministérios, porque afetará a economia no interior do País. Vamos fazer uma análise do que vimos e considerar as propostas dos Estados (com medidas de apoio)”, concluiu.