01/03/2011 - 0:00
“Vamos passar por um período de lançamento tecnológico acelerado”
Robert Fraley, vice-presidente executivo e responsável pela tecnologia da Monsanto
Dos laboratórios americanos direto para os campos brasileiros. A Monsanto apresentou aos produtores durante o Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), sua mais nova criação. Trata-se da variedade transgênica que traz uma tecnologia de genes combinados que oferecem resistência aos herbicidas à base de glifosato de segunda geração e às principais lagartas da soja. A novidade, batizada de Intacta RR2, foi antecipada pela Dinheiro Rural, na edição nº 72, de outubro de 2010.
Os estudos com a tecnologia Intacta começaram há mais de dez anos nos laboratórios da empresa, nos EUA. Os testes nos campos brasileiros, logo depois. “Porém, os produtores vão ter que esperar um pouco mais para ter acesso à nova soja. A variedade chegará ao mercado no verão de 2013”, afirma o presidente da Monsanto do Brasil, André Dias. Segundo ele, a Intacta RR2 foi submetida à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), o órgão regulador brasileiro, em 2009. No desenvolvimento da tecnologia produzida especialmente para o Brasil, já foram aplicados cerca de US$ 100 milhões. A razão dessa pesquisa sob medida deve-se a dois fatores. “O primeiro é que vimos que há no País um crescimento imenso no setor agrícola”, afirma Robert Fraley, vice-presidente executivo e responsável pela tecnologia da Monsanto. “O segundo é a adoção de uma política regulatória que permite o licenciamento de novos produtos, consequentemente, a oportunidade de grandes negócios.”
Agora, a perspectiva da empresa é em relação à transição dessa tecnologia para os agricultores, que em sua maioria já adotam a soja Roundup Ready (RR). “Com o lançamento de novos produtos, a tendência é de que as vendas das antigas tecnologias diminuam”, afirma Dias. “Nos Estados Unidos essa migração é muito rápida.” A exemplo do que ocorreu com a tecnologia RR, a multinacional também pretende licenciar a tecnologia Intacta RR2 para outras empresas. Atualmente, a soja transgênica que domina sem concorrentes as lavouras brasileiras é a RR.
A semente dessa soja chegou por aqui no início dos anos 2000, contrabandeada da Argentina. Durante cerca de cinco anos, foi cultivada pelos agricultores antes de ser aprovada pela CTNBio. Com a aprovação, sofisticadas biotecnologias começaram a chegar, possibilitando às empresas condições de trabalhar com sementes cada vez mais adaptadas às nossas condições de clima e solo. Nascia a soja transgênica brasileira.
A estimativa de lucro com a nova variedade de soja não foi revelada pela Monsanto. A empresa, no entanto, já faturou R$ 2,048 bilhões no Brasil apenas com biotecnologia. E quer mais. Para tanto, aposta em novidades. “Vamos passar por um período de lançamento tecnológico acelerado”, diz Fraley. “Outras gerações estão a caminho.” A Intacta RR2 é a segunda geração de biotecnologia que chega aos campos, mas nos laboratórios da Monsanto há pelo menos uma quinta geração sendo desenvolvida.
Líder em biotecnologia, a empresa mantém a aposta na inovação para continuar no topo, de olho no promissor mercado nacional. Afinal, foram as novidades na cultura da soja que impulsionaram os negócios da empresa no Brasil, seu segundo maior mercado, atrás apenas dos EUA. A Monsanto faturou mundialmente no ano passado US$ 10,5 bilhões.
A evolução da semente modificada
Soja RR: Em 2005, a Monsanto trouxe para o mercado nacional a soja Roundup Ready (RR), tolerante aos herbicidas à base de glifosato. Esta geração de sementes geneticamente modificadas controla as plantas daninhas e oferece maior produtividade
Intacta RR2: A variedade promete eficácia contra a lagarta da soja e a falsa-medideira. A produtividade pode aumentar até 9% em comparação com a tecnologia anterior, além da redução de custo com a diminuição de pulverizadores de inseticidas na lavoura