Eram 7 horas da manhã e a principal avenida de Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, já estava muito movimentada. Duzentos produtores rurais da região alinhavam suas picapes ali para dar largada a um rali de regularidade, batizado de Giro FMC. A competição, em que os vencedores são os que seguem com maior precisão as instruções de uma rota pré-elaborada, é uma carta na manga da multinacional de defensivos FMC para apresentar novas tecnologias. Em Lem (apelido da cidade, que tem mais de 2,5 milhões de hectares agricultáveis), o rali aconteceu pela terceira vez e o clima de competição entre os pilotos era acirrado. “Fulano, você vai comer poeira”, dizia um. A resposta vinha na lata: “Igual eu fiz contigo no ano passado?” A equipe de DINHEIRO RURAL acompanhou o rali, do começo ao fim. Foram oito horas e 380 quilômetros percorridos entre as fazendas da região. Chovia muito e até a caminhonete com tração 4X4, que transportava a reportagem, ameaçava atolar na lama.

Diferentemente dos tradicionais dias de campo, em que produtores visitam a fazenda e lá ouvem o que os especialistas têm a dizer, no Giro FMC as palestras aconteciam nas paradas. “Parece brincadeira, mas nossas intenções são sérias”, afirma o agricultor Fábio Lauck, que cultiva dez mil hectares de soja e milho na região. “É uma forma descontraída de irmos ao campo do vizinho ver como está a soja dele e obter conhecimento técnico para melhorar nossas lavouras.” Lauck, paranaense que migrou para o oeste baiano como a maioria dos produtores da região, participa dos ralis FMC desde o seu início. Estabelecido desde a primeira metade dos anos 1980 em Lem, é fanático por esportes radicais, assim como seu vizinho, Antônio Franciosi, campeão do Rally dos Sertões no ano passado. Em Lem, Franciosi acompanhou o evento a bordo de seu monomotor. “É muito importante acompanhar as palestras técnicas, mas este ano eu não quis participar do rali por terra, vim pelo ar”, disse.

A estratégia da FMC é atrair os produtores. Márcia Terzian, gerente nacional das culturas de soja e milho, saiu de Campo Grande (MS) para acompanhar a corrida. “Começou como um negócio e virou tradição.” Só neste ano, além da competição em Lem, ela já participou das etapas do giro em Formosa (GO), Ijuí (RS) e em Balsas (MA).

Brincadeira séria: Fábio Lauck diz que o rali é uma forma interessante de obter conhecimento