A Corregedoria da Câmara de São Paulo recebeu nesta quinta-feira, 17, parecer contrário ao pedido de cassação do vereador Arnaldo Faria de Sá (Progressistas), denunciado pela bancada do PSOL após se referir ao ex-prefeito Celso Pitta como um “negro de alma branca”. O relator do caso, vereador Aurélio Nomura (PSDB), considerou não ter havido a intenção de ofensa racial e sugeriu uma advertência verbal como punição para o parlamentar.

Em julho do ano passado, durante pronunciamento na Casa, Faria de Sá gerou indignação em parte dos vereadores, que o acusaram de racismo ao falar sobre o ex-prefeito. “Eu me preocupei com um negro, que era o Pitta, (…) um negro de verdade, ‘negro de alma branca’, como dizem”, afirmou.

A fala levou a vereadora Luana Alves, líder da bancada do PSOL na Câmara, a protocolar uma representação na Corregedoria pedindo a cassação do vereador pelo uso da expressão.

Na interpretação de Nomura, Faria de Sá reproduziu o que ele classificou como um “racismo estrutural” próprio da linguagem e que, segundo ele, é “involuntário”. “Não há qualquer indício de intenção proposital do nobre Vereador Arnaldo Faria de Sá na sessão de 12 de julho de 2021. Entendo ter ocorrido uma patente manifestação de ‘racismo estrutural’, uma maneira de se expressar involuntária, triste ranço de racismo que ainda perdura em nossa linguagem, de que o vereador se socorreu no calor dos debates”, diz o parecer.

Via redes sociais, a vereadora Luana Alves reagiu ao parecer de Nomura e lamentou o entendimento pela manutenção do mandato. “O racismo segue existindo porque sempre há quem o defenda”, afirmou. Concluído o parecer do relator, o processo tem início na Corregedoria e Faria de Sá poderá apresentar sua defesa.

Em discurso no Plenário da Casa, após a polêmica, o vereador reconheceu o erro e pediu desculpas. “Realmente me equivoquei e peço desculpas. Não quero discutir com ninguém, só quero pedir desculpas humildemente”, afirmou.