“Levanta um pouco o guarda-chuva para a gente ver o desfile”. Foi depois desse grito, atendido pela multidão à sua frente, que a servidora pública Cecília Bazaglia, de 43 anos, conseguiu ver um pouco do desfile cívico-militar do dia 7 de setembro na Avenida Dom Pedro I, no Ipiranga, zona sul de São Paulo. Além da falta de visibilidade por causa dos guarda-chuvas nesta quarta-feira, a falta de arquibancadas foi motivo de queixa dos visitantes. Pela via, é possível ver boa parte do público com camisas (também bonés e cachecóis) com as cores verde e amarela e a venda, por ambulantes, de bandeiras do Brasil.

Cada bandeira sai a R$ 30, mas duas têm desconto de R$ 50. Algumas acabaram usadas para se proteger do mau tempo na capital paulista.

A reportagem, até por volta das 11h30, não flagrou manifestações em referência ao presidente da República, Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, que convocou apoiadores para sair às ruas de verde e amarelo neste feriado. “A história pode se repetir”, disse Bolsonaro antes do desfile em Brasília nesta quarta, citando o golpe militar de 1964.

Em São Paulo, com a presença de autoridades, militares e entidades da sociedade civil, a Prefeitura estima um desfile de cerca de 10 mil pessoas entre civis e militares. O desfile celebra o Bicentenário da Independência. Por causa da data e da reinauguração do Museu do Ipiranga, a cerimônia foi transferida para a Avenida Dom Pedro I, no Ipiranga, em frente ao Parque da Independência, neste ano.

Na capital paulista, foi difícil ver de perto as tropas das Forças Armadas Brasileiras, com tanques e artilharia de guerra, os momentos mais aplaudidos. Desfilam ainda as tropas das Polícias Militar e Civil de São Paulo.

A falta de uma estrutura com diferentes níveis de visão, como uma arquibancada, foi a principal queixa do professor de História, Isaías Ferreira, de 43 anos. Só com o apoio de quem estava na frente, ele conseguiu um espacinho para os filhos Yuri e Sophia, de 9 e 8 anos. “Faltou dimensionar melhor a quantidade de pessoas e uma estrutura melhor para recebê-las”, diz o professor.

Ele se recorda que, nos anos anteriores, o desfile foi realizado na Avenida Tiradentes, região central, e também no Sambódromo, na zona norte, locais que, segundo ele, ofereciam melhor visibilidade. Na falta de arquibancadas, sobraram improviso e criatividade.

O estudante Antonio, que prefere citar apenas o primeiro nome, subiu na cobertura do ponto de ônibus da avenida, na altura da rua Mariana Procópio. Foi acompanhando por pelo menos quatro pessoas. “Consegui um lugar exclusivo. Ainda bem que a juventude ainda me permite subir”, disse o jovem de 22 anos.

A saída encontrada pelo operador logístico Felipe Doloso, de 33 anos, foi mais simples. Ele acomodou as filhas na base do muro da Igreja do Jesus Cristo dos Últimos Dias. “Vim só por causa delas (em referência às crianças), mas ainda não conseguiram ver muita coisa”, sorriu.

Participaram do evento o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), além de comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica em São Paulo. Também participaram secretários do governo e do município.