A stevia está chegando devagarinho e, aos poucos, vai conquistando cada vez mais espaço na indústria alimentícia. Naturalmente doce é proveniente da divisa entre Brasil e Paraguai, a herbácea Stevia rebaudiana foi usada porcentenas de anos pelos indígenas para adoçar seus alimentos e remédios. Desde que o potencial de dulçor desta planta foi descoberto por estudiosos, no final do século XIX, ela tem sido amplamente pesquisada e bem difundida
em mercados consumidores, como Estados Unidos, Japão e China.

Foi na China que se desenvolveu uma produção em massa e, atualmente, o país é responsável por grande parte das mais 4.000 toneladas de stevia consumidas anualmente no mercado mundial. Em visita recente aos Estados Unidos, me surpreendi positivamente com a quantidade de bebidas e alimentos que estão sendo desenvolvidos à base da planta. Realidade praticamente impensável há alguns anos. Afinal, foi só em 2008 que o governo norte-americano regulamentou seu uso na indústria alimentícia e, na União Europeia, a regulamentação veio apenas em 2011. Agora, finalmente, a stevia está despertando o interesse da indústria de alimentos!

A popularidade da planta tem crescido em escala global nos últimos seis anos. As vendas alcançaram 4.100 toneladas em 2013 – um acréscimo de 6,5% em relação a 2012. De acordo com a consultoria Zenith International de bebidas
e alimentos, o adoçante natural movimenta um mercado de US$ 304 milhões. Este mesmo órgão estima um consumo de 6.250 toneladas para 2016, movimentando US$ 490 milhões no período. No Brasil, os produtores de stevia
lutam junto ao governo federal pela desoneração fiscal do PIS/COFINS, que reduzia a carga tributária de 21,25% para 12%.

É da stevia que se extrai o adoçante natural glicosídeo de esteviol, responsável por realçar o sabor dos alimentos. Ela é capaz de adoçar 300 vezes mais do que o açúcar de cana e está começando a substituí-lo parcial – até mesmo totalmente, em alguns alimentos. Nos Estados Unidos já são consumidos energéticos, chocolates, cappuccinos, águas saborizadas, geleias, sobremesas e até mesmo produtos voltados para o público vegano: todos usando stevia em sua composição.

Por ser natural, a stevia não contém calorias, evita o aparecimento de cáries nos dentes e pode ser consumida livremente por diabéticos, crianças e gestantes. Pesquisas apontam ainda que o seu consumo fortalece o sistema vascular, tem propriedades diuréticas e antiácidas, ajuda na revitalização das células da pele e possui componentes antioxidantes. Além disso, ajuda a reduzir o desejo por comida e doces, diminuindo assim, o consumo de calorias ingeridas, o que ajuda o corpo a armazenar menos gordura inútil.

Mesmo com tantos benefícios, a stevia ainda não é produzida em escala suficiente para fazer frente ao uso do açúcar (ou até mesmo do aspartame na indústria). Além disso, existe uma grande falta de conhecimento sobre a manipulação da planta – e acredito que este seja o motivo para os fabricantes de alimentos e bebidas ainda ensaiarem os primeiros projetos com o cristal de stevia.

No Brasil, temos poucas opções de produtos que usam a stevia na sua formulação, porém, o mercado aponta novidades em 2014. A indústria já busca opções saudáveis ao açúcar e ao aspartame, elementos que são apontados em
estudos científicos como vilões da saúde dos consumidores no mundo inteiro.