O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta segunda-feira, 30, que discutiu com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, os nomes que podem substituir o atual diretor de Política Monetária da entidade, Bruno Serra, cujo mandato se encerra em 28 de fevereiro. Haddad e Campos Neto estiveram reunidos nesta segunda.

“Óbvio que foi um tema, mas é um tema que tem de ser tratado com muita naturalidade”, disse Haddad, em entrevista coletiva após a sua participação em uma reunião da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) da qual também participou. “São pessoas que têm de ter um perfil muito próprio para ocupar aquela posição.”

Haddad lembrou que, pela lei de autonomia do Banco Central, é prerrogativa do presidente da República escolher os diretores da autarquia. “O que nós temos de fazer é levar bons nomes para que o presidente possa decidir, essa foi a pactuação”, explicou.

Questionado sobre se o nome que vai ocupar a diretoria poderia ser do mercado financeiro, Haddad confirmou a possibilidade. “Por definição, se você quer bons nomes técnicos, você tem poucos lugares para procurar. Pode ser do setor privado, pode ser do setor público”, afirmou.

O ministro disse que uma avaliação “em parceria” será feita com cuidado sobre o nome que pode substituir Serra.

Além do atual diretor de Política Monetária, o diretor de Fiscalização, Paulo Souza, também encerra o mandato em 28 de fevereiro.

Medidas de crédito

O ministro da Fazenda disse ainda que se comprometeu em levantar nos próximos 15 dias todas as iniciativas de crédito do Banco Central que estavam paradas no Executivo. A ideia é, até março, encaminhar tudo para a Casa Civil, que na sequência despachará ao Congresso.

“A notícia que recebi é de que várias iniciativas ficaram pelo caminho por questões formais”, declarou Haddad. Após participar de reunião na Fiesp, o ministro disse a jornalistas que as medidas vão melhorar o ambiente de negócios no Brasil.

Arcabouço fiscal

Haddad preferiu não se antecipar sobre o novo arcabouço fiscal, que substituirá o teto de gastos. Segundo ele, o ministério está, neste momento, consultando as pessoas, colhendo estudos internacionais de vários organismos. Posteriormente, a proposta será levada para discussão com os demais ministérios. “Se eu me antecipo, prejudico esse protocolo”, afirmou o ministro, ao justificar porque segue evasivo em relação ao tema.

Haddad frisou que todos os interlocutores com quem discute a nova regra reconhecem a necessidade de substituir a atual por uma regra mais crível e sustentável no longo prazo. “O diagnóstico entre economistas, para mim, está pacificado”, comentou o ministro.