São Paulo, 27 – A oferta de carne suína no mercado doméstico cresceu consideravelmente ao longo de 2022, reflexo principalmente da produção recorde no primeiro trimestre do ano e de uma demanda externa mais fraca. A avaliação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). “A maior oferta no mercado interno pressionou os valores de negociação do animal vivo e da proteína”, diz o Cepea.

Segundo a entidade, apesar de o volume exportado em agosto ter atingido recorde mensal da série histórica, de 114,6 mil toneladas de carne, os envios ao exterior de janeiro até a parcial de dezembro de 2022 somam 1,08 milhão de toneladas, 3,6% abaixo do embarcado no mesmo período de 2021, conforme dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex), compilados pelo Centro.

A diminuição no volume exportado, diz o Cepea, está atrelada à redução dos envios aos principais parceiros do Brasil: China e Hong Kong. De acordo com a Secex, de janeiro a novembro de 2022, os volumes embarcados aos destinos asiáticos caíram significativos 19% e 38% frente aos de igual período de 2021, somando 406,6 mil toneladas e 89,7 mil toneladas, respectivamente.

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“Nem mesmo a abertura de novos mercados (como o Canadá, no qual os envios foram iniciados em setembro) e o aumento nas vendas para outros parceiros (como as Filipinas, cujo crescimento nos envios de 2021 para 2022 foi de expressivos 164%, e ao Vietnã, de 8,7%) foram suficientes para reverter a queda”, avalia. A receita arrecadada com as exportações também caiu, 8,6%, somando R$ 12,9 bilhões na parcial deste ano, ainda de acordo com a Secex.

Para o Cepea, a demanda nacional pela carne suína ao longo de 2022 também esteve aquém do esperado pelo setor, em virtude, sobretudo, do fragilizado poder de compra da população brasileira, tendo em vista a inflação elevada.

Quanto aos preços, levantamento do Cepea indica que, entre janeiro e 26 de dezembro de 2022, a carcaça especial suína, comercializada no atacado da Grande São Paulo, teve média de R$ 9,73/kg, queda de 15% frente à de 2021, em termos reais (deflacionado pelo IPCA).

As baixas nas cotações da carne, por sua vez, reforçaram a pressão sobre os preços do suíno vivo em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Na praça de São Paulo, também entre janeiro e 26 de dezembro de 2022, a média do animal foi de R$ 6,56/kg, recuo de 13% em relação à de 2021, em termos reais (neste caso deflacionada pelo IGP-DI), o que acabou resultando em perda do poder de compra do suinocultor ao longo de 2022.