Foram seis dias de intensas disputas no Campeonato Sul Americano da Juventude – FEI Southamerican Championship na Sociedade Hípica Paulista, entre 5 e 11/9, que reuniu a nova geração e futuro olímpico do hipismo de nove países com 130 conjuntos representando a Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, EUA, Paraguai, Peru e Uruguai.

Ao todo foram definidos quatro títulos: Mirim (12 a 14 anos) disputada a 1.20 metro, Pré-junior (14 a 16 anos) a 1.30 metro, Junior (14 a 18 anos) a 1.40 metro e Young Rider (16 a 21 anos) a 1.45 metro, consideradas categorias de alto rendimento. Em paralelo também aconteceu um Internacional da categoria Pré-mirim (12 a 14 anos) a 1.10 metro. Todas as pistas tiveram armação do course-designer internacional Helio Pessoa.

Dessa vez o placar ficou equilibrado entre Brasil, que dominou os pódios nos quatro anos anteriores, e Argentina, ambos com dois ouros nas categorias de alto rendimento. O Brasil comemorou ouro nas séries Junior e Pré-junior, respectivamente, com Victoria Junqueira de Mendonça montando Una Bella V e Laura Bosquirolli Tigre com Cher da Boa Vista, ambas com 100% de aproveitamento na competição.

Já a Argentina faturou os títulos nas categorias Mirim com Emilia Demattei montando Carlazo Cooper, que a exemplo das brasileiras também fechou o campeonato sem faltas, e Young Riders, representada por Lihuel Gonzales com Checa Z. No Internacional Pré-mirim o domínio foi brasileiro com vitória de Henrique Maranhão com Baluestre.

Final Junior

Simplesmente espetacular: com 100% de aproveitamento a amazona brasileira Victoria Junqueira Ribeiro de Mendonça montando Una Bella 9 faturou o título de campeã sul americana Junior. Victoria e Una Bella venceram a 1ª prova (caça – faltas convertidas em tempo), a 2ª prova sob dois percursos idênticos e a prova final com dois percursos distintos fechando o campeonato sem um único ponto perdido (pp).

Totalizando 8,47 pp ao longo do campeonato dos quais 5 na 1ª passagem final, o vice-campeonato também foi do Brasil com o brasiliense Bernardo Braga de Albuquerque Pereira montando. Completando o placar 100% brasileiro, a top gaúcha Laura Ramos Rait montando MD Quastor JMen garantiu a medalha de bronze, 12,38 pp.

Victoria, 17, não tem do que se queixar. Em 2015 foi vice-campeã sul americana junior 2015 e na temporada 2016 faturou os títulos campeã brasileira junior e campeã sul-americana 2016. Última em pista na final, seguindo a ordem de inversa de classificação, Victoria garantiu não sentir nervoso.

“Eu tenho essa vantagem de ser calma também na hora que eu entro na pista. Então eu acho que isso me ajuda muito em todas as provas, principalmente em um campeonato importante”, comentou a super campeã, 17, que treina com o cavaleiro top Artemus de Almeida há quatro anos.

Final Pré-junior

Com muita categoria, a jovem amazona gaúcha Laura Bosquirolli Tigre com Cher da Boa Vista conquistou o título Pré-junior (14 a 16 anos). Laura e Cher da Boa Vista, vencedores da primeira e última prova, fecharam com apenas um 4 pontos (1 falta), trazidos do segundo dia competição.

O vice-campeonato também ficou nas mãos de um brasileiro o paulista Marcelo Gozzi montando Cathaar Z. O conjunto campeão brasileiro Pré-junior 2016, “amargou” uma falta no último obstáculo na prova final, foi 2º na primeira prova e venceu a 2ª, fechando com somente 5,57 pp. A chilena Carmen Novion com Haras Dona Ines Jager Boy garantiu a medalha de bronze com 10,05 pp.

“Em 2015 fui campeã sul americana Mirim na Argentina com a mesma égua, estou muito feliz”, garantiu Laura, 14, que completa 15 anos em outubro e analisou sua estratégia e resultado. “Esse título é resultado do trabalho não somente desse final de semana, mas desde que comecei a montar pequena e hoje faz valer a pena”, comentou a campeã, que monta desde os quatro anos e aos oito começou a treinar Cristiano Quadros, sempre na Hípica Portoalegrense.

Final Mirim

Ao final da 3ª e última prova somente a argentina Emilia Demattei com Carlazo Cooper manteve-se zerada faturando o título de campeã sul-americana da categoria. Pelas cores do Brasil, o vice-campeonato ficou com amazona da casa Carolina Souza Chade, a Cacá, montando Corbella JMen que registrou somente um ponto perdido ao longo do campeonato.

Já a medalha de bronze também ficou com um jovem talento brasileiro Pedro Henrique Martins Kuhlmann apresentando Carry Girl JMen que levou melhor após desempate com outros dois conjuntos totalizando apenas 4 pontos perdidos ao longo das três provas.

A argentina Emilia, 13, estava bastante emocionda. “O Carlazo Cooper não é meu. Só montei ele três vezes antes do início do campeonato. Chegamos uma semana antes e também saltamos uma prova no Clube Hìpico de Santo Amaro. Normalmente sou bastante fria, mas hoje fiquei um pouco nervosa. Ao final deu tudo certo e acabei sendo a única sem faltas”, contou a campeã Emilia, que monta há quase oito anos e treina com Julian Pirichinsky no clube City Bell em Buenos Aires.

A brasileira Cacá, vice-campeã, também está com motivos de sobra para comemorar. “Esse foi meu primeiro título internacional individual. Ano passado fui campeã sul americana por equipe Pré-mirim na Argentina e no começo do ano em março a gente conseguiu o 3º lugar na Copa das Nações Mirim em Wellington”, contou Cacá, 14, campeã brasileira mini mirim 2014.

“Na primeira passagem da prova final fiz ponto por excesso. Foi mais o cuidado para não cometer falta, acabei perdendo um pontinho, mas estou muito satisfeita. Quero dedicar essa conquista a minha familia, meu tratador que está sempre lá comigo e minha égua. Todos são muito importantes!”

Final Young Rider

A definição do pódio Young Riders (16 a 21 anos), último estágio antes da categoria Senior Top, fechou o Sul Americano da Juventude. Honrando as cores do Brasil o 3º posto coube à amazona amazonense Yasmin Almendros montando Piaf de Quintin que era líder da competição, mas com uma falta e um ponto por excesso (5 pontos) na última passagem, acabou garantindo a medalha de bronze totalizando 10,85 pontos.

Deu Argentina no alto no pódio com Lihuel Gonzales montando Checa Z, conjunto vencedor da prova final sem faltas, e que ao longo do campeonato acumulou apenas 9,35 pontos perdidos (pp). Para alegria da numerosa delegação e torcida dos “hermanos”, o vice-campeonato também foi da Argentina com Martina Campi montando Resistire Piam que fechou a competição totalizando 10,27 pp.

Lihuel, 19, estava só felicidade. “Campeão sul americano Young Riders é meu principal título até hoje”, garantiu o jovem talento que revelou não ter títulos expressivos nas categorias de base, mas já venceu sete GPs na Argentina. “Monto com Martin Dopazo no meu Haras La Pasion. Sempre sonhei com isso e quero continuar montando e ser cavaleiro profissional. Quero agradecer a toda minha equipe e amigos e também aos brasileiros que me receberam como se fosse na minha casa”, finalizou o campeão Lihuel.

A brasileira Yasmin, 19, três vezes ouro por equipes em Campeonatos Sul Americanos, uma Pré-junior 2014 e duas no Young Riders 2015/2016, se mostrou muito satisfeita. “Ano passado nesse mesmo Campeonato Young Rider na Argentina fiquei em 4º”, lembrou Yasmin, amazonense que desde o início do ano mora em Campinas onde estuda Engenharia Civil.

“Estou montando somente aos finais de semana em Itapecerica da Serra com meu instrutor de André Miranda. Hoje fiz uma falta que me tirou o ouro, mas está bom demais! Esse foi o melhor Campeonato que fiz com meu cavalo Piaf que tem 13 anos e está comigo quatro. Nunca fizemos três zeros em um campeonato, foi a primeira vez,” destacou a medalhista de bronze.

Final Pré-mirim

Na categoria Pré-mirim o pódio foi 100% brasileiro: Henrique Maranhão com Baluestre, campeão, Daneli Miron com Gonzales, vice-campeã, e Maithe de Lima Marino, com Linda, bronze.

Henrique, 11, que já coleciona títulos de campeão do ranking norte nordeste e pernambucano mini-mirim, ficou em 2º lugar na primeira prova e foi venceu as outras duas. “Essa foi minha primeira vitória na categoria Pré-mirim. Quero agradecer ao meu professor André Felipe, tratador do meu cavalo e a toda minha família”, disse o pequeno grande campeão Henrique.

Balanço

Destaque também para excelente infraestrutura da Hípica Paulista em que a organização não mediu esforços para fazer jus a um Campeonato Internacional.

“Eu acho que esse campeonato foi espetacular desde a parte de organização como também esportivamente. Todos os países elogiaram demais o concurso, a organização e a montagem do evento também. Aqui temos melhores condições para concurso normais, então a ideia era fazer coisa diferente e dar um espírito de campeonato”, destacou o cavaleiro olímpico e treinador Caio Sérgio de Carvalho, coordenador das equipes brasileiras de Salto e chefe de equipe do Brasil.

“Há três, quatro anos montamos uma estrutura visando esse campeonato e os outros países também começaram a realizar esse trabalho. Por isso, a gente também tem que melhor e não pode se acomodar. Agora já estamos com novos planos para ano que vem. A cada ciclo você tem que parar rever tudo o que foi feito e o que pode ser feito a mais para retomar e voltar a competir”, enfatizou Caio Sérgio. “De modo geral, as competições cada vez vão ficando mais difíceis”, acrescentou o dirigente, que se mostrou satisfeito com o desempenho das equipes brasileiras.

“Acho que a nova geração do hipismo brasileiro está evoluindo bem. Estamos sentindo isso nas categorias de base. Na categoria Junior, por exemplo, há alguns anos a gente não tinha muita opção para formar uma equipe e, desse vez, ótimos conjuntos acabaram ficando de fora. Verificamos que o pessoal veio bem na categoria Pré-mirim, subiu para as categorias Mirim, Juniores e também na Young Rider, sempre com boas atuações. É essa a formação que a gente quer: uma base cada vez mais fortalecida.” Fonte: Ascom