“Escondidos” na campanha, os suplentes do ex-juiz Sergio Moro (União), candidato a senador pelo Paraná, são donos de empresas e declararam patrimônios que somam R$ 27 milhões. Os bens do advogado Luis Felipe Cunha, homem de confiança de Moro e primeiro-suplente, e do empresário Ricardo Guerra, segundo-suplente, incluem, respectivamente, quantias em dinheiro vivo e uma coleção de camisas de futebol, entre elas um uniforme que teria sido usado por Pelé.

A campanha de Moro foi alvo de busca e apreensão, no sábado, dia 3, por irregularidades relacionadas à divulgação dos nomes dos suplentes em seu material impresso. O nome dos candidatos a suplentes de senador não podem constar na propaganda em tamanho inferior a 30% do nome do titular da chapa, para que não fiquem “escondidos” do eleitor. Devem, também estar claros e legíveis.

Ao fazer a comparação, a Justiça Eleitoral entendeu que Moro descumpriu a determinação da proporção. A decisão da Justiça Eleitoral ocorreu por pedido da Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV. A defesa do ex-juiz contestou.

O ex-ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro e ex-juiz da Lava Jato disse que operação em seu apartamento residencial, declarado sede do comitê de campanha, era “abusiva” e uma “tentativa de intimidação”.

O advogado Luis Felipe Cunha declarou ao Tribunal Superior Eleitoral um patrimônio de R$ 7,1 milhões, com uma série de aplicações financeiras, três apartamentos, carros e R$ 200 mil em dinheiro vivo. O escritório de advocacia dele, Vosgerau & Cunha Advogados Associados, foi contratado para prestar consultoria jurídica ao diretório nacional do União Brasil e recebeu desde abril deste ano R$ 1 milhão. Ele é apontado como um dos coordenadores de campanha de Moro e responsável por ter articulado a troca relâmpago de partido do ex-juiz, do Podemos para o União.

Diretor do Grupo Guerra, o empresário Ricardo Augusto Guerra informou possuir R$ 20,1 milhões em bens. Parte desse patrimônio consiste numa coleção de camisas antigas de futebol, avaliadas em R$ 102.700,00. Uma delas, “camisa do jogador Pelé”, tem valor de R$ 9 mil. A coleção de fardamentos da seleção foi estimada em R$ 32 mil. Torcedor do Coritiba, ele também possui uma cadeira cativa no Estádio Major Antonio Couto Pereira e ao menos 13 uniformes do clube, usados nas décadas de 1970, 1980 e 1990.

Guerra tem ações em empresas diversas e participação como sócio no grupo que atua em diferentes setores da economia, como agronegócio, desenvolvimento de sementes, indústria química, incorporadora, comércio de cereais, energias renováveis. À exceção do próprio União Brasil, ele é o único doador de campanha de Moro até agora, tendo repassado como pessoa física ao todo R$ 259 mil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.